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Portuguese Bible | ||
Chapter # | Verse # | Verse Detail |
1 | 1 | Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. |
1 | 2 | Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar o teu caminho; |
1 | 3 | voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas; |
1 | 4 | assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados. |
1 | 5 | E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. |
1 | 6 | Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. |
1 | 7 | E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas. |
1 | 8 | Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo. |
1 | 9 | E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. |
1 | 10 | E logo, quando saía da água, viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele; |
1 | 11 | e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo. |
1 | 12 | Imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto. |
1 | 13 | E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por Satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam. |
1 | 14 | Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus |
1 | 15 | e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho. |
1 | 16 | E, andando junto do mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. |
1 | 17 | Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens. |
1 | 18 | Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram. |
1 | 19 | E ele, passando um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando as redes, |
1 | 20 | e logo os chamou; eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os empregados, o seguiram. |
1 | 21 | Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar. |
1 | 22 | E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas. |
1 | 23 | Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou: |
1 | 24 | Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. |
1 | 25 | Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. |
1 | 26 | Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele. |
1 | 27 | E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! |
1 | 28 | E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia. |
1 | 29 | Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João. |
1 | 30 | A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela. |
1 | 31 | Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia. |
1 | 32 | Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados; |
1 | 33 | e toda a cidade estava reunida à porta; |
1 | 34 | e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam. |
1 | 35 | De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava. |
1 | 36 | Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo; |
1 | 37 | quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam. |
1 | 38 | Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim. |
1 | 39 | Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios. |
1 | 40 | E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo. |
1 | 41 | Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo. |
1 | 42 | Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo. |
1 | 43 | E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu, |
1 | 44 | dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. |
1 | 45 | Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele. |
2 | 1 | Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa. |
2 | 2 | Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra. |
2 | 3 | Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro; |
2 | 4 | e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico. |
2 | 5 | E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. |
2 | 6 | Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: |
2 | 7 | Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? |
2 | 8 | Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? |
2 | 9 | Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? |
2 | 10 | Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ), |
2 | 11 | a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. |
2 | 12 | Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante. |
2 | 13 | Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava. |
2 | 14 | Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. |
2 | 15 | Ora, estando Jesus à mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam. |
2 | 16 | Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores? |
2 | 17 | Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores. |
2 | 18 | Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? |
2 | 19 | Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar; |
2 | 20 | dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar. |
2 | 21 | Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura. |
2 | 22 | E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos. |
2 | 23 | E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas. |
2 | 24 | E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito? |
2 | 25 | Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros? |
2 | 26 | Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros? |
2 | 27 | E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. |
2 | 28 | Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor. |
3 | 1 | Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada. |
3 | 2 | E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem. |
3 | 3 | E disse Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio. |
3 | 4 | Então lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram. |
3 | 5 | E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida. |
3 | 6 | E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. |
3 | 7 | Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galiléia o seguiu; também da Judéia, |
3 | 8 | e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele. |
3 | 9 | Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse; |
3 | 10 | porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem. |
3 | 11 | E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. |
3 | 12 | E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. |
3 | 13 | Depois subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele. |
3 | 14 | Então designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar; |
3 | 15 | e para que tivessem autoridade de expulsar os demônios. |
3 | 16 | Designou, pois, os doze, a saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; |
3 | 17 | Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão; |
3 | 18 | André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, |
3 | 19 | e Judas Iscariotes, aquele que o traiu. |
3 | 20 | Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal modo que nem podiam comer. |
3 | 21 | Quando os seus ouviram isso, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si. |
3 | 22 | E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu; e: É pelo príncipe dos demônios que expulsa os demônios. |
3 | 23 | Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás? |
3 | 24 | Pois, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir; |
3 | 25 | ou, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir; |
3 | 26 | e se Satanás se tem levantado contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele subsistir; antes tem fim. |
3 | 27 | Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa. |
3 | 28 | Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem; |
3 | 29 | mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno. |
3 | 30 | Porquanto eles diziam: Está possesso de um espírito imundo. |
3 | 31 | Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo. |
3 | 32 | E a multidão estava sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram. |
3 | 33 | Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos! |
3 | 34 | E olhando em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! |
3 | 35 | Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe. |
4 | 1 | Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar. |
4 | 2 | Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino: |
4 | 3 | Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear; |
4 | 4 | e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. |
4 | 5 | Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; |
4 | 6 | mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. |
4 | 7 | E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto. |
4 | 8 | Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem. |
4 | 9 | E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. |
4 | 10 | Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola. |
4 | 11 | E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; |
4 | 12 | para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados. |
4 | 13 | Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? como pois entendereis todas as parábolas? |
4 | 14 | O semeador semeia a palavra. |
4 | 15 | E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada. |
4 | 16 | Do mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem; |
4 | 17 | mas não têm raiz em si mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam. |
4 | 18 | Outros ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a palavra; |
4 | 19 | mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera. |
4 | 20 | Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um. |
4 | 21 | Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não é antes para se colocar no velador? |
4 | 22 | Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz. |
4 | 23 | Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. |
4 | 24 | Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará. |
4 | 25 | Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado. |
4 | 26 | Disse também: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, |
4 | 27 | e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, sem ele saber como. |
4 | 28 | A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. |
4 | 29 | Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. |
4 | 30 | Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos? |
4 | 31 | É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra; |
4 | 32 | mas, tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra. |
4 | 33 | E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender. |
4 | 34 | E sem parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos. |
4 | 35 | Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado. |
4 | 36 | E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos. |
4 | 37 | E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia. |
4 | 38 | Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos? |
4 | 39 | E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança. |
4 | 40 | Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé? |
4 | 41 | Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem? |
5 | 1 | Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos. |
5 | 2 | E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo, |
5 | 3 | o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo; |
5 | 4 | porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar; |
5 | 5 | e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras, |
5 | 6 | Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o; |
5 | 7 | e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. |
5 | 8 | Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo. |
5 | 9 | E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. |
5 | 10 | E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região. |
5 | 11 | Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. |
5 | 12 | Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. |
5 | 13 | E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram. |
5 | 14 | Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido. |
5 | 15 | Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram. |
5 | 16 | E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos. |
5 | 17 | Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos. |
5 | 18 | E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. |
5 | 19 | Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. |
5 | 20 | Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam. |
5 | 21 | Tendo Jesus passado de novo no barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do mar. |
5 | 22 | Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés. |
5 | 23 | e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva. |
5 | 24 | Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. |
5 | 25 | Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, |
5 | 26 | e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior, |
5 | 27 | tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto; |
5 | 28 | porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada. |
5 | 29 | E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal. |
5 | 30 | E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? |
5 | 31 | Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou? |
5 | 32 | Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. |
5 | 33 | Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade. |
5 | 34 | Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal. |
5 | 35 | Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? |
5 | 36 | O que percebendo Jesus, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. |
5 | 37 | E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago. |
5 | 38 | Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto. |
5 | 39 | E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas dorme. |
5 | 40 | E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava. |
5 | 41 | E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te. |
5 | 42 | Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados de grande espanto. |
5 | 43 | Então ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de comer. |
6 | 1 | Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam. |
6 | 2 | Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos? |
6 | 3 | Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele. |
6 | 4 | Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa. |
6 | 5 | E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. |
6 | 6 | E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando. |
6 | 7 | E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos; |
6 | 8 | ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto; |
6 | 9 | mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas. |
6 | 10 | Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar. |
6 | 11 | E se qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles. |
6 | 12 | Então saíram e pregaram que todos se arrependessem; |
6 | 13 | e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam. |
6 | 14 | E soube disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e disse: João, o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes milagrosos operam nele. |
6 | 15 | Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros diziam: É profeta como um dos profetas. |
6 | 16 | Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar: ele ressuscitou. |
6 | 17 | Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia casado com ela. |
6 | 18 | Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão. |
6 | 19 | Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia; |
6 | 20 | porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o escutava. |
6 | 21 | Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galiléia, |
6 | 22 | entrou a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. |
6 | 23 | E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino. |
6 | 24 | Tendo ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o Batista. |
6 | 25 | E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista. |
6 | 26 | Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar. |
6 | 27 | O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere, |
6 | 28 | e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe. |
6 | 29 | Quando os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro. |
6 | 30 | Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. |
6 | 31 | Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer. |
6 | 32 | Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte. |
6 | 33 | Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles. |
6 | 34 | E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas. |
6 | 35 | Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada; |
6 | 36 | despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o que comer. |
6 | 37 | Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram: Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer? |
6 | 38 | Ao que ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E, tendo-se informado, responderam: Cinco pães e dois peixes. |
6 | 39 | Então lhes ordenou que a todos fizessem reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde. |
6 | 40 | E reclinaram-se em grupos de cem e de cinquenta. |
6 | 41 | E tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou; partiu os pães e os entregava a seus discípulos para lhos servirem; também repartiu os dois peixes por todos. |
6 | 42 | E todos comeram e se fartaram. |
6 | 43 | Em seguida, recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe. |
6 | 44 | Ora, os que comeram os pães eram cinco mil homens. |
6 | 45 | Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. |
6 | 46 | E, tendo-a despedido, foi ao monte para orar. |
6 | 47 | Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra. |
6 | 48 | E, vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes adiante; |
6 | 49 | eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram; |
6 | 50 | porque todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais. |
6 | 51 | E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados; |
6 | 52 | pois não tinham compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava endurecido. |
6 | 53 | E, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré, e ali atracaram. |
6 | 54 | Logo que desembarcaram, o povo reconheceu a Jesus; |
6 | 55 | e correndo eles por toda aquela região, começaram a levar nos leitos os que se achavam enfermos, para onde ouviam dizer que ele estava. |
6 | 56 | Onde quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias, nas cidades ou nos campos, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam ficavam curados. |
7 | 1 | Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém, |
7 | 2 | e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar. |
7 | 3 | Pois os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; |
7 | 4 | e quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze. |
7 | 5 | Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar? |
7 | 6 | Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; |
7 | 7 | mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. |
7 | 8 | Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens. |
7 | 9 | Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de deus, para guardardes a vossa tradição. |
7 | 10 | Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. |
7 | 11 | Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderías aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor, |
7 | 12 | não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe, |
7 | 13 | invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis. |
7 | 14 | E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei. |
7 | 15 | Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina. |
7 | 16 | [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.] |
7 | 17 | Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola. |
7 | 18 | Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, |
7 | 19 | porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos. |
7 | 20 | E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina. |
7 | 21 | Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, |
7 | 22 | a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; |
7 | 23 | todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem. |
7 | 24 | Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se; |
7 | 25 | porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés; |
7 | 26 | (ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. |
7 | 27 | Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos. |
7 | 28 | Ela, porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos. |
7 | 29 | Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha. |
7 | 30 | E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído. |
7 | 31 | Tendo Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando pelas regiões de Decápolis. |
7 | 32 | E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele. |
7 | 33 | Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua; |
7 | 34 | e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te. |
7 | 35 | E abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente. |
7 | 36 | Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho proibia, tanto mais o divulgavam. |
7 | 37 | E se maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e os mudos falar. |
8 | 1 | Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer, chamou Jesus os discípulos e disse-lhes: |
8 | 2 | Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer. |
8 | 3 | Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe. |
8 | 4 | E seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto? |
8 | 5 | Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Responderam: Sete. |
8 | 6 | Logo mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães e havendo dado graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão. |
8 | 7 | Tinham também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também fossem distribuídos. |
8 | 8 | Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que sobejavam levantaram sete alcofas. |
8 | 9 | Ora, eram cerca de quatro mil homens. E Jesus os despediu. |
8 | 10 | E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta. |
8 | 11 | Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o experimentarem. |
8 | 12 | Ele, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum. |
8 | 13 | E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado. |
8 | 14 | Ora, eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão. |
8 | 15 | E Jesus ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes. |
8 | 16 | Pelo que eles arrazoavam entre si porque não tinham pão. |
8 | 17 | E Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por não terdes pão? não compreendeis ainda, nem entendeis? tendes o vosso coração endurecido? |
8 | 18 | Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais? |
8 | 19 | Quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Doze. |
8 | 20 | E quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete. |
8 | 21 | E ele lhes disse: Não entendeis ainda? |
8 | 22 | Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse. |
8 | 23 | Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? |
8 | 24 | E, levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os vejo andando. |
8 | 25 | Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas. |
8 | 26 | Depois o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na aldeia. |
8 | 27 | E saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e no caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? |
8 | 28 | Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas. |
8 | 29 | Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo. |
8 | 30 | E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele. |
8 | 31 | Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse. |
8 | 32 | E isso dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo. |
8 | 33 | Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens. |
8 | 34 | E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. |
8 | 35 | Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. |
8 | 36 | Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? |
8 | 37 | Ou que diria o homem em troca da sua vida? |
8 | 38 | Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. |
9 | 1 | Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder. |
9 | 2 | Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles; |
9 | 3 | as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear. |
9 | 4 | E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus. |
9 | 5 | Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. |
9 | 6 | Pois não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados. |
9 | 7 | Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. |
9 | 8 | De repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a Jesus. |
9 | 9 | Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos. |
9 | 10 | E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos. |
9 | 11 | Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? |
9 | 12 | Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado? |
9 | 13 | Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito. |
9 | 14 | Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles. |
9 | 15 | E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam. |
9 | 16 | Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles? |
9 | 17 | Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo; |
9 | 18 | e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. |
9 | 19 | Ao que Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? Trazei-mo. |
9 | 20 | Então lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando. |
9 | 21 | E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância; |
9 | 22 | e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. |
9 | 23 | Ao que lhe disse Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê. |
9 | 24 | Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade. |
9 | 25 | E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele. |
9 | 26 | E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu. |
9 | 27 | Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé. |
9 | 28 | E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo? |
9 | 29 | Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e jejum.] |
9 | 30 | Depois, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse; |
9 | 31 | porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá. |
9 | 32 | Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo. |
9 | 33 | Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho? |
9 | 34 | Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior. |
9 | 35 | E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos. |
9 | 36 | Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes: |
9 | 37 | Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou. |
9 | 38 | Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia. |
9 | 39 | Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim; |
9 | 40 | pois quem não é contra nós, é por nós. |
9 | 41 | Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa. |
9 | 42 | Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar. |
9 | 43 | E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. |
9 | 44 | [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.] |
9 | 45 | Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno. |
9 | 46 | [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.] |
9 | 47 | Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno. |
9 | 48 | onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. |
9 | 49 | Porque cada um será salgado com fogo. |
9 | 50 | Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros. |
10 | 1 | Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume. |
10 | 2 | Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher? |
10 | 3 | Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés? |
10 | 4 | Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher. |
10 | 5 | Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento. |
10 | 6 | Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. |
10 | 7 | Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,] |
10 | 8 | e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne. |
10 | 9 | Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem. |
10 | 10 | Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso. |
10 | 11 | Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela; |
10 | 12 | e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério. |
10 | 13 | Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o repreenderam. |
10 | 14 | Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus. |
10 | 15 | Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele. |
10 | 16 | E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas. |
10 | 17 | Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? |
10 | 18 | Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus. |
10 | 19 | Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe. |
10 | 20 | Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude. |
10 | 21 | E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. |
10 | 22 | Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens. |
10 | 23 | Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! |
10 | 24 | E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus! |
10 | 25 | É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. |
10 | 26 | Com isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser salvo? |
10 | 27 | Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível. |
10 | 28 | Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. |
10 | 29 | Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, |
10 | 30 | que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna. |
10 | 31 | Mas muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros. |
10 | 32 | Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir, |
10 | 33 | dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios; |
10 | 34 | e hão de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá. |
10 | 35 | Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos. |
10 | 36 | Ele, pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça? |
10 | 37 | Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. |
10 | 38 | Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou batizado? |
10 | 39 | E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados; |
10 | 40 | mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado. |
10 | 41 | E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João. |
10 | 42 | Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade. |
10 | 43 | Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; |
10 | 44 | e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. |
10 | 45 | Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. |
10 | 46 | Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu. |
10 | 47 | Este, quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim! |
10 | 48 | E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim. |
10 | 49 | Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama. |
10 | 50 | Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus. |
10 | 51 | Perguntou-lhe o cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja. |
10 | 52 | Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi seguindo pelo caminho. |
11 | 1 | Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos |
11 | 2 | e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o. |
11 | 3 | E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui. |
11 | 4 | Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam. |
11 | 5 | E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho? |
11 | 6 | Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar. |
11 | 7 | Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele. |
11 | 8 | Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos. |
11 | 9 | E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor! |
11 | 10 | Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas! |
11 | 11 | Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze. |
11 | 12 | No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome, |
11 | 13 | e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos. |
11 | 14 | E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso. |
11 | 15 | Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas; |
11 | 16 | e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio; |
11 | 17 | e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores. |
11 | 18 | Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina. |
11 | 19 | Ao cair da tarde, saíam da cidade. |
11 | 20 | Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes. |
11 | 21 | Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste. |
11 | 22 | Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus. |
11 | 23 | Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. |
11 | 24 | Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis. |
11 | 25 | Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas. |
11 | 26 | [Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.] |
11 | 27 | Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos, |
11 | 28 | que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las? |
11 | 29 | Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. |
11 | 30 | O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me. |
11 | 31 | Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes? |
11 | 32 | Mas diremos, porventura: Dos homens? - É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta. |
11 | 33 | Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas. |
12 | 1 | Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país. |
12 | 2 | No tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha. |
12 | 3 | Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. |
12 | 4 | E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram. |
12 | 5 | Então enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram. |
12 | 6 | Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último, dizendo: A meu filho terão respeito. |
12 | 7 | Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa. |
12 | 8 | E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha. |
12 | 9 | Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros. |
12 | 10 | Nunca lestes esta escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; |
12 | 11 | pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos? |
12 | 12 | Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram. |
12 | 13 | Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. |
12 | 14 | Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos? |
12 | 15 | Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja. |
12 | 16 | E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César. |
12 | 17 | Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele. |
12 | 18 | Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo: |
12 | 19 | Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão. |
12 | 20 | Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência; |
12 | 21 | o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência. |
12 | 22 | Depois de todos, morreu também a mulher. |
12 | 23 | Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram? |
12 | 24 | Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus? |
12 | 25 | Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus. |
12 | 26 | Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? |
12 | 27 | Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro. |
12 | 28 | Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? |
12 | 29 | Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. |
12 | 30 | Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. |
12 | 31 | E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses. |
12 | 32 | Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro; |
12 | 33 | e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. |
12 | 34 | E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo. |
12 | 35 | Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi? |
12 | 36 | O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. |
12 | 37 | Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer. |
12 | 38 | E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças, |
12 | 39 | e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes, |
12 | 40 | que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação. |
12 | 41 | E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito. |
12 | 42 | Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante. |
12 | 43 | E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre; |
12 | 44 | porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento. |
13 | 1 | Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios! |
13 | 2 | Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. |
13 | 3 | Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular: |
13 | 4 | Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir? |
13 | 5 | Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane; |
13 | 6 | muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão. |
13 | 7 | Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim. |
13 | 8 | Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores. |
13 | 9 | Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho. |
13 | 10 | Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações. |
13 | 11 | Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo. |
13 | 12 | Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão. |
13 | 13 | E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. |
13 | 14 | Ora, quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; |
13 | 15 | quem estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa; |
13 | 16 | e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. |
13 | 17 | Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! |
13 | 18 | Orai, pois, para que isto não suceda no inverno; |
13 | 19 | porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá. |
13 | 20 | Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias. |
13 | 21 | Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis. |
13 | 22 | Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos. |
13 | 23 | Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo. |
13 | 24 | Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; |
13 | 25 | as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. |
13 | 26 | Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. |
13 | 27 | E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. |
13 | 28 | Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão. |
13 | 29 | Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. |
13 | 30 | Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam. |
13 | 31 | Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. |
13 | 32 | Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai. |
13 | 33 | Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo. |
13 | 34 | É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse. |
13 | 35 | Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; |
13 | 36 | para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. |
13 | 37 | O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai. |
14 | 1 | Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o matarem. |
14 | 2 | Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo. |
14 | 3 | Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo. |
14 | 4 | Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo? |
14 | 5 | Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela. |
14 | 6 | Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo. |
14 | 7 | Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes. |
14 | 8 | ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. |
14 | 9 | Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua. |
14 | 10 | Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus. |
14 | 11 | Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna. |
14 | 12 | Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa? |
14 | 13 | Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; seguí-o; |
14 | 14 | e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? |
14 | 15 | E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos. |
14 | 16 | Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa. |
14 | 17 | Ao anoitecer chegou ele com os doze. |
14 | 18 | E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me. |
14 | 19 | Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu? |
14 | 20 | Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato. |
14 | 21 | Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido. |
14 | 22 | Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo. |
14 | 23 | E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele. |
14 | 24 | E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado. |
14 | 25 | Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. |
14 | 26 | E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras. |
14 | 27 | Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão. |
14 | 28 | Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia. |
14 | 29 | Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu. |
14 | 30 | Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás. |
14 | 31 | Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos. |
14 | 32 | Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro. |
14 | 33 | E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se; |
14 | 34 | e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai. |
14 | 35 | E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. |
14 | 36 | E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres. |
14 | 37 | Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora? |
14 | 38 | Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. |
14 | 39 | Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras. |
14 | 40 | E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder. |
14 | 41 | Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. - Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. |
14 | 42 | Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai. |
14 | 43 | E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos. |
14 | 44 | Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança. |
14 | 45 | E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou. |
14 | 46 | Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam. |
14 | 47 | Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha. |
14 | 48 | Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? |
14 | 49 | Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras. |
14 | 50 | Nisto, todos o deixaram e fugiram. |
14 | 51 | Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram. |
14 | 52 | Mas ele, largando o lençol, fugiu despido. |
14 | 53 | Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. |
14 | 54 | E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo. |
14 | 55 | Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam. |
14 | 56 | Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam. |
14 | 57 | Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo: |
14 | 58 | Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens. |
14 | 59 | E nem assim concordava o seu testemunho. |
14 | 60 | Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti? |
14 | 61 | Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito? |
14 | 62 | Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu. |
14 | 63 | Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas? |
14 | 64 | Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte. |
14 | 65 | E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas. |
14 | 66 | Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote |
14 | 67 | e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus. |
14 | 68 | Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. |
14 | 69 | E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles. |
14 | 70 | Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu. |
14 | 71 | Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais. |
14 | 72 | Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar. |
15 | 1 | Logo de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos. |
15 | 2 | Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes. |
15 | 3 | e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas. |
15 | 4 | Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem. |
15 | 5 | Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se admirava. |
15 | 6 | Ora, por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem. |
15 | 7 | E havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam cometido um homicídio. |
15 | 8 | E a multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer. |
15 | 9 | Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus? |
15 | 10 | Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado. |
15 | 11 | Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a Barrabás. |
15 | 12 | E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem chamais reis dos judeus? |
15 | 13 | Novamente clamaram eles: Crucifica-o! |
15 | 14 | Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais: Crucifica-o! |
15 | 15 | Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado. |
15 | 16 | Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte; |
15 | 17 | vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido; |
15 | 18 | e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! |
15 | 19 | Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam. |
15 | 20 | Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem. |
15 | 21 | E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz. |
15 | 22 | Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira. |
15 | 23 | E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou. |
15 | 24 | Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria. |
15 | 25 | E era a hora terceira quando o crucificaram. |
15 | 26 | Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS. |
15 | 27 | Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. |
15 | 28 | [E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.] |
15 | 29 | E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas. |
15 | 30 | salva-te a ti mesmo, descendo da cruz. |
15 | 31 | De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar; |
15 | 32 | desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam. |
15 | 33 | E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona. |
15 | 34 | E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? |
15 | 35 | Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias. |
15 | 36 | Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo. |
15 | 37 | Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. |
15 | 38 | Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo. |
15 | 39 | Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus. |
15 | 40 | Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; |
15 | 41 | as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém. |
15 | 42 | Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, |
15 | 43 | José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus. |
15 | 44 | Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido. |
15 | 45 | E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José; |
15 | 46 | o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro. |
15 | 47 | E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto. |
16 | 1 | Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. |
16 | 2 | E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol. |
16 | 3 | E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? |
16 | 4 | Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida; |
16 | 5 | e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas. |
16 | 6 | Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram. |
16 | 7 | Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse. |
16 | 8 | E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam. |
16 | 9 | [Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. |
16 | 10 | Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando; |
16 | 11 | e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. |
16 | 12 | Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo, |
16 | 13 | os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito. |
16 | 14 | Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido. |
16 | 15 | E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. |
16 | 16 | Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. |
16 | 17 | E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; |
16 | 18 | pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. |
16 | 19 | Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. |
16 | 20 | Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.] |