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Portuguese Bible
Chapter # Verse # Verse Detail
11Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.   
12Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar o teu caminho;   
13voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;   
14assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados.   
15E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.   
16Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.   
17E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas.   
18Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo.   
19E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.   
110E logo, quando saía da água, viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele;   
111e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.   
112Imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto.   
113E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por Satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam.   
114Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus   
115e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.   
116E, andando junto do mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.   
117Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.   
118Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram.   
119E ele, passando um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando as redes,   
120e logo os chamou; eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os empregados, o seguiram.   
121Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar.   
122E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.   
123Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou:   
124Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.   
125Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele.   
126Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele.   
127E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!   
128E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia.   
129Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.   
130A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.   
131Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.   
132Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;   
133e toda a cidade estava reunida à porta;   
134e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.   
135De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.   
136Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;   
137quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.   
138Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.   
139Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.   
140E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo.   
141Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.   
142Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.   
143E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu,   
144dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.   
145Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele.   
21Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa.   
22Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra.   
23Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro;   
24e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.   
25E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados.   
26Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:   
27Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus?   
28Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações?   
29Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda?   
210Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ),   
211a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.   
212Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.   
213Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava.   
214Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.   
215Ora, estando Jesus à mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam.   
216Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores?   
217Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.   
218Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?   
219Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar;   
220dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar.   
221Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura.   
222E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.   
223E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas.   
224E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito?   
225Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?   
226Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros?   
227E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.   
228Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor.   
31Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada.   
32E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem.   
33E disse Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.   
34Então lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram.   
35E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida.   
36E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem.   
37Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galiléia o seguiu; também da Judéia,   
38e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele.   
39Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse;   
310porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem.   
311E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.   
312E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer.   
313Depois subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele.   
314Então designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar;   
315e para que tivessem autoridade de expulsar os demônios.   
316Designou, pois, os doze, a saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;   
317Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;   
318André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu,   
319e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.   
320Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal modo que nem podiam comer.   
321Quando os seus ouviram isso, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.   
322E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu; e: É pelo príncipe dos demônios que expulsa os demônios.   
323Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?   
324Pois, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;   
325ou, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir;   
326e se Satanás se tem levantado contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele subsistir; antes tem fim.   
327Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa.   
328Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem;   
329mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno.   
330Porquanto eles diziam: Está possesso de um espírito imundo.   
331Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo.   
332E a multidão estava sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram.   
333Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos!   
334E olhando em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!   
335Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.   
41Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar.   
42Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:   
43Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear;   
44e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.   
45Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;   
46mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.   
47E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto.   
48Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.   
49E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.   
410Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola.   
411E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;   
412para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados.   
413Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? como pois entendereis todas as parábolas?   
414O semeador semeia a palavra.   
415E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.   
416Do mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem;   
417mas não têm raiz em si mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.   
418Outros ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a palavra;   
419mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.   
420Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um.   
421Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não é antes para se colocar no velador?   
422Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz.   
423Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.   
424Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.   
425Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.   
426Disse também: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra,   
427e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, sem ele saber como.   
428A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.   
429Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.   
430Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos?   
431É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra;   
432mas, tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.   
433E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender.   
434E sem parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.   
435Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.   
436E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.   
437E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.   
438Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?   
439E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.   
440Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?   
441Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?   
51Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos.   
52E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo,   
53o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo;   
54porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar;   
55e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras,   
56Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o;   
57e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes.   
58Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo.   
59E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.   
510E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.   
511Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.   
512Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.   
513E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.   
514Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido.   
515Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram.   
516E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos.   
517Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos.   
518E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.   
519Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.   
520Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam.   
521Tendo Jesus passado de novo no barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do mar.   
522Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés.   
523e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.   
524Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.   
525Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia,   
526e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,   
527tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto;   
528porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada.   
529E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal.   
530E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes?   
531Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou?   
532Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera.   
533Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade.   
534Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.   
535Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?   
536O que percebendo Jesus, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.   
537E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.   
538Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto.   
539E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas dorme.   
540E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava.   
541E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.   
542Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados de grande espanto.   
543Então ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de comer.   
61Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam.   
62Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos?   
63Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.   
64Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa.   
65E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.   
66E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando.   
67E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;   
68ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto;   
69mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas.   
610Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar.   
611E se qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles.   
612Então saíram e pregaram que todos se arrependessem;   
613e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.   
614E soube disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e disse: João, o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes milagrosos operam nele.   
615Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros diziam: É profeta como um dos profetas.   
616Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar: ele ressuscitou.   
617Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia casado com ela.   
618Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.   
619Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia;   
620porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o escutava.   
621Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galiléia,   
622entrou a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.   
623E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.   
624Tendo ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o Batista.   
625E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista.   
626Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar.   
627O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere,   
628e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe.   
629Quando os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.   
630Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado.   
631Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.   
632Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.   
633Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles.   
634E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.   
635Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada;   
636despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.   
637Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram: Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?   
638Ao que ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E, tendo-se informado, responderam: Cinco pães e dois peixes.   
639Então lhes ordenou que a todos fizessem reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde.   
640E reclinaram-se em grupos de cem e de cinquenta.   
641E tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou; partiu os pães e os entregava a seus discípulos para lhos servirem; também repartiu os dois peixes por todos.   
642E todos comeram e se fartaram.   
643Em seguida, recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe.   
644Ora, os que comeram os pães eram cinco mil homens.   
645Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.   
646E, tendo-a despedido, foi ao monte para orar.   
647Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra.   
648E, vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes adiante;   
649eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram;   
650porque todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais.   
651E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados;   
652pois não tinham compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava endurecido.   
653E, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré, e ali atracaram.   
654Logo que desembarcaram, o povo reconheceu a Jesus;   
655e correndo eles por toda aquela região, começaram a levar nos leitos os que se achavam enfermos, para onde ouviam dizer que ele estava.   
656Onde quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias, nas cidades ou nos campos, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam ficavam curados.   
71Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém,   
72e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.   
73Pois os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente;   
74e quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.   
75Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar?   
76Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim;   
77mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.   
78Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.   
79Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de deus, para guardardes a vossa tradição.   
710Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá.   
711Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderías aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor,   
712não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe,   
713invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.   
714E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei.   
715Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina.   
716[Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]   
717Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola.   
718Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,   
719porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.   
720E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina.   
721Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,   
722a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez;   
723todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.   
724Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se;   
725porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés;   
726(ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.   
727Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.   
728Ela, porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos.   
729Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha.   
730E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído.   
731Tendo Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando pelas regiões de Decápolis.   
732E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele.   
733Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua;   
734e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te.   
735E abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.   
736Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho proibia, tanto mais o divulgavam.   
737E se maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e os mudos falar.   
81Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer, chamou Jesus os discípulos e disse-lhes:   
82Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer.   
83Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe.   
84E seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto?   
85Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Responderam: Sete.   
86Logo mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães e havendo dado graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão.   
87Tinham também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também fossem distribuídos.   
88Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que sobejavam levantaram sete alcofas.   
89Ora, eram cerca de quatro mil homens. E Jesus os despediu.   
810E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.   
811Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o experimentarem.   
812Ele, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum.   
813E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.   
814Ora, eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.   
815E Jesus ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.   
816Pelo que eles arrazoavam entre si porque não tinham pão.   
817E Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por não terdes pão? não compreendeis ainda, nem entendeis? tendes o vosso coração endurecido?   
818Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?   
819Quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Doze.   
820E quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete.   
821E ele lhes disse: Não entendeis ainda?   
822Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.   
823Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?   
824E, levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os vejo andando.   
825Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas.   
826Depois o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na aldeia.   
827E saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e no caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?   
828Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas.   
829Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo.   
830E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele.   
831Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse.   
832E isso dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.   
833Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens.   
834E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.   
835Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.   
836Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?   
837Ou que diria o homem em troca da sua vida?   
838Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.   
91Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.   
92Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles;   
93as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear.   
94E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus.   
95Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.   
96Pois não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados.   
97Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.   
98De repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a Jesus.   
99Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos.   
910E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos.   
911Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?   
912Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado?   
913Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.   
914Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.   
915E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam.   
916Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles?   
917Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo;   
918e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.   
919Ao que Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? Trazei-mo.   
920Então lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.   
921E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância;   
922e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.   
923Ao que lhe disse Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê.   
924Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.   
925E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele.   
926E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.   
927Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.   
928E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo?   
929Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e jejum.]   
930Depois, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse;   
931porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá.   
932Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo.   
933Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?   
934Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior.   
935E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.   
936Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:   
937Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou.   
938Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia.   
939Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;   
940pois quem não é contra nós, é por nós.   
941Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.   
942Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.   
943E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.   
944[onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]   
945Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno.   
946[onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]   
947Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno.   
948onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.   
949Porque cada um será salgado com fogo.   
950Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.   
101Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume.   
102Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher?   
103Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?   
104Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher.   
105Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.   
106Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.   
107Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]   
108e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.   
109Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.   
1010Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.   
1011Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;   
1012e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.   
1013Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o repreenderam.   
1014Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.   
1015Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele.   
1016E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.   
1017Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?   
1018Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus.   
1019Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.   
1020Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.   
1021E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.   
1022Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.   
1023Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!   
1024E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!   
1025É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.   
1026Com isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser salvo?   
1027Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível.   
1028Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.   
1029Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,   
1030que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.   
1031Mas muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.   
1032Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir,   
1033dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios;   
1034e hão de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá.   
1035Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.   
1036Ele, pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?   
1037Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.   
1038Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou batizado?   
1039E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados;   
1040mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.   
1041E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.   
1042Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade.   
1043Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;   
1044e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.   
1045Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.   
1046Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu.   
1047Este, quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!   
1048E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.   
1049Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.   
1050Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.   
1051Perguntou-lhe o cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.   
1052Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi seguindo pelo caminho.   
111Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos   
112e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o.   
113E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui.   
114Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam.   
115E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?   
116Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.   
117Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele.   
118Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos.   
119E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor!   
1110Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!   
1111Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.   
1112No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,   
1113e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.   
1114E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.   
1115Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;   
1116e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;   
1117e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.   
1118Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.   
1119Ao cair da tarde, saíam da cidade.   
1120Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.   
1121Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.   
1122Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.   
1123Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito.   
1124Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.   
1125Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas.   
1126[Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.]   
1127Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,   
1128que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las?   
1129Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.   
1130O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me.   
1131Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes?   
1132Mas diremos, porventura: Dos homens? - É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta.   
1133Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.   
121Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.   
122No tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha.   
123Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.   
124E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram.   
125Então enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.   
126Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último, dizendo: A meu filho terão respeito.   
127Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa.   
128E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha.   
129Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.   
1210Nunca lestes esta escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular;   
1211pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?   
1212Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram.   
1213Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.   
1214Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?   
1215Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.   
1216E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.   
1217Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.   
1218Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo:   
1219Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão.   
1220Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;   
1221o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.   
1222Depois de todos, morreu também a mulher.   
1223Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?   
1224Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus?   
1225Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus.   
1226Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?   
1227Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.   
1228Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?   
1229Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.   
1230Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.   
1231E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.   
1232Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro;   
1233e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.   
1234E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo.   
1235Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi?   
1236O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.   
1237Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.   
1238E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,   
1239e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes,   
1240que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.   
1241E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.   
1242Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante.   
1243E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre;   
1244porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.   
131Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios!   
132Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.   
133Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular:   
134Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir?   
135Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane;   
136muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.   
137Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.   
138Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.   
139Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho.   
1310Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações.   
1311Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo.   
1312Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.   
1313E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.   
1314Ora, quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;   
1315quem estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa;   
1316e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.   
1317Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!   
1318Orai, pois, para que isto não suceda no inverno;   
1319porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.   
1320Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.   
1321Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis.   
1322Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos.   
1323Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo.   
1324Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz;   
1325as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados.   
1326Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.   
1327E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.   
1328Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.   
1329Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.   
1330Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam.   
1331Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.   
1332Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai.   
1333Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo.   
1334É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse.   
1335Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã;   
1336para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.   
1337O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai.   
141Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o matarem.   
142Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.   
143Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.   
144Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?   
145Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela.   
146Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.   
147Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.   
148ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.   
149Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.   
1410Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.   
1411Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna.   
1412Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?   
1413Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; seguí-o;   
1414e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?   
1415E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos.   
1416Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa.   
1417Ao anoitecer chegou ele com os doze.   
1418E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.   
1419Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu?   
1420Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato.   
1421Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.   
1422Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo.   
1423E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele.   
1424E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado.   
1425Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.   
1426E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.   
1427Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.   
1428Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.   
1429Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.   
1430Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.   
1431Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos.   
1432Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.   
1433E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se;   
1434e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai.   
1435E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.   
1436E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.   
1437Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora?   
1438Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.   
1439Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.   
1440E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder.   
1441Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. - Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.   
1442Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.   
1443E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.   
1444Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança.   
1445E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.   
1446Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam.   
1447Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha.   
1448Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador?   
1449Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras.   
1450Nisto, todos o deixaram e fugiram.   
1451Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram.   
1452Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.   
1453Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.   
1454E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo.   
1455Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam.   
1456Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.   
1457Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo:   
1458Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.   
1459E nem assim concordava o seu testemunho.   
1460Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?   
1461Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?   
1462Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu.   
1463Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas?   
1464Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte.   
1465E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.   
1466Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote   
1467e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus.   
1468Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.   
1469E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.   
1470Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu.   
1471Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.   
1472Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.   
151Logo de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.   
152Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.   
153e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.   
154Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem.   
155Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se admirava.   
156Ora, por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.   
157E havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam cometido um homicídio.   
158E a multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer.   
159Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?   
1510Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado.   
1511Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a Barrabás.   
1512E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem chamais reis dos judeus?   
1513Novamente clamaram eles: Crucifica-o!   
1514Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais: Crucifica-o!   
1515Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado.   
1516Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte;   
1517vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido;   
1518e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!   
1519Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam.   
1520Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem.   
1521E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.   
1522Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira.   
1523E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou.   
1524Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.   
1525E era a hora terceira quando o crucificaram.   
1526Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.   
1527Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.   
1528[E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.]   
1529E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas.   
1530salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.   
1531De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar;   
1532desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.   
1533E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.   
1534E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?   
1535Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias.   
1536Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.   
1537Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.   
1538Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.   
1539Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus.   
1540Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé;   
1541as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.   
1542Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,   
1543José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus.   
1544Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.   
1545E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José;   
1546o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro.   
1547E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto.   
161Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.   
162E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.   
163E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?   
164Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida;   
165e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas.   
166Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.   
167Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.   
168E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.   
169[Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.   
1610Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando;   
1611e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.   
1612Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,   
1613os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.   
1614Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.   
1615E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.   
1616Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.   
1617E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;   
1618pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.   
1619Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.   
1620Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.]