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Portuguese Bible | ||
Chapter # | Verse # | Verse Detail |
1 | 1 | Depois da morte de Saul, tendo Davi voltado da derrota dos amalequitas e estando há dois dias em Ziclague, |
1 | 2 | ao terceiro dia veio um homem do arraial de Saul, com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de terra; e, chegando ele a Davi, prostrou-se em terra e lhe fez reverência. |
1 | 3 | Perguntou-lhe Davi: Donde vens? Ele lhe respondeu: Escapei do arraial de Israel. |
1 | 4 | Davi ainda lhe indagou: Como foi lá isso? Dize-mo. Ao que ele lhe respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e morreram; também Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos. |
1 | 5 | Perguntou Davi ao mancebo que lhe trazia as novas: Como sabes que Saul e Jônatas, seu filho, são mortos? |
1 | 6 | Então disse o mancebo que lhe dava a notícia: Achava-me por acaso no monte Gilbea, e eis que Saul se encostava sobre a sua lança; os carros e os cavaleiros apertavam com ele. |
1 | 7 | Nisso, olhando ele para trás, viu-me e me chamou; e eu disse: Eis-me aqui. |
1 | 8 | Ao que ele me perguntou: Quem és tu? E eu lhe respondi: Sou amalequita. |
1 | 9 | Então ele me disse: Chega-te a mim, e mata-me, porque uma vertigem se apoderou de mim, e toda a minha vida está ainda em mim. |
1 | 10 | Cheguei-me, pois, a ele, e o matei, porque bem sabia eu que ele não viveria depois de ter caído; e tomei a coroa que ele tinha na cabeça, e o bracelete que trazia no braço, e os trouxe aqui a meu senhor. |
1 | 11 | Então pegou Davi nas suas vestes e as rasgou; e assim fizeram também todos os homens que estavam com ele; |
1 | 12 | e prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caída à espada. |
1 | 13 | Perguntou então Davi ao mancebo que lhe trouxera a nova: Donde és tu? Respondeu ele: Sou filho de um peregrino amalequita. |
1 | 14 | Davi ainda lhe perguntou: Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor? |
1 | 15 | Então Davi, chamando um dos mancebos, disse-lhe: chega-te, e lança-te sobre ele. E o mancebo o feriu, de sorte que morreu. |
1 | 16 | Pois Davi lhe dissera: O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do Senhor. |
1 | 17 | Lamentou Davi a Saul e a Jônatas, seu filho, com esta lamentação, |
1 | 18 | mandando que fosse ensinada aos filhos de Judá; eis que está escrita no livro de Jasar: |
1 | 19 | Tua glória, ó Israel, foi morta sobre os teus altos! Como caíram os valorosos! |
1 | 20 | Não o noticieis em Gate, nem o publiqueis nas ruas de Asquelom; para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não exultem as filhas dos incircuncisos. |
1 | 21 | Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre, vós, ó campos de morte; pois ali desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valorosos, o escudo de Saul, ungido com óleo. |
1 | 22 | Do sangue dos feridos, da gordura dos valorosos, nunca recuou o arco de Jônatas, nem voltou vazia a espada de Saul. |
1 | 23 | Saul e Jônatas, tão queridos e amáveis na sua vida, também na sua morte não se separaram; eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões. |
1 | 24 | Vós, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia deliciosamente de escarlata, que vos punha sobre os vestidos adornos de ouro. |
1 | 25 | Como caíram os valorosos no meio da peleja! |
1 | 26 | Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres. |
1 | 27 | Como caíram os valorosos, e pereceram as armas de guerra! |
2 | 1 | Sucedeu depois disto que Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá? Respondeu-lhe o Senhor: Sobe. Ainda perguntou Davi: Para onde subirei? Respondeu o Senhor: Para Hebrom. |
2 | 2 | Subiu, pois, Davi para lá, e também as suas duas mulheres, Ainoã, a jizreelita, e Abigail, que fora mulher de Nabal, e carmelita. |
2 | 3 | Davi fez subir também os homens que estavam com ele, cada um com sua família; e habitaram nas cidades de Hebrom. |
2 | 4 | Então vieram os homens de Judá, e ali ungiram Davi rei sobre a casa de Judá. Depois informaram a Davi, dizendo: Foram os homens de Jabes-Gileade que sepultaram a Saul. |
2 | 5 | Pelo que Davi enviou mensageiros aos homens de Jabes-Gileade, a dizer-lhes: Benditos do Senhor sejais vós, que fizestes tal benevolência, sepultando a Saul, vosso senhor! |
2 | 6 | Agora, pois, o Senhor use convosco de benevolência e fidelidade; e eu também vos retribuirei esse bem que fizestes. |
2 | 7 | Esforcem-se, pois, agora as vossas mãos, e sede homens valorosos; porque Saul, vosso senhor, é morto, e a casa de Judá me ungiu por seu rei. |
2 | 8 | Ora, Abner, filho de Ner, chefe do exército de Saul, tomou a Isbosete, filho de Saul, e o fez passar a Maanaim, |
2 | 9 | e o constituiu rei sobre Gileade, sobre os asuritas, sobre Jizreel, sobre Efraim, sobre Benjamim e sobre todo o Israel. |
2 | 10 | Quarenta anos tinha Isbosete, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, e reinou dois anos, A casa de Judá, porém, seguia a Davi. |
2 | 11 | E foi o tempo que Davi reinou em Hebrom, sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses. |
2 | 12 | Depois Abner, filho de Ner, com os servos de Isbosete, filho de Saul, saiu de Maanaim para Gibeão. |
2 | 13 | Saíram também Joabe, filho de Zeruia, e os servos de Davi, e se encontraram com eles perto do tanque de Gibeão; e pararam uns de um lado do tanque, e os outros do outro lado. |
2 | 14 | Então disse Abner a Joabe: Levantem-se os mancebos, e se batam diante de nós. Respondeu Joabe: Levantem-se. |
2 | 15 | Levantaram-se, pois, e passaram, em número de doze por Benjamim e por Isbosete, filho de Saul, e doze dos servos de Davi. |
2 | 16 | E cada um lançou mão da cabeça de seu contendor, e meteu-lhe a espada pela ilharga; assim caíram juntos; pelo que se chamou àquele lugar, que está junto a Gibeão, Helcate-Hazurim. |
2 | 17 | Seguiu-se naquele dia uma crua peleja; e Abner e os homens de Israel foram derrotados diante dos servos de Davi. |
2 | 18 | Ora, estavam ali os três filhos de Zeruia: Joabe, Abisai, e Asael; e Asael era ligeiro de pés, como as gazelas do campo. |
2 | 19 | Perseguiu, pois, Asael a Abner, seguindo-o sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda. |
2 | 20 | Nisso Abner, olhando para trás, perguntou: És tu Asael? Respondeu ele: Sou eu. |
2 | 21 | Ao que lhe disse Abner: Desvia-te para a direita, ou para a esquerda, e lança mão de um dos mancebos, e toma os seus despojos. Asael, porém , não quis desviar-se de seguí-lo. |
2 | 22 | Então Abner tornou a dizer a Asael: Desvia-te de detráz de mim; porque hei de ferir-te e dar contigo em terra? e como levantaria eu o meu rosto diante de Joabe, teu irmão? |
2 | 23 | Todavia ele recusou desviar-se; pelo que Abner o feriu com o conto da lança pelo ventre, de modo que a lança lhe saiu por detrás; e ele caiu ali, e morreu naquele mesmo lugar. E sucedeu que, todos os que chegavam ao lugar onde Asael caíra morto, paravam. |
2 | 24 | Mas Joabe e Abisai perseguiram a Abner; e pôs-se o sol ao chegarem eles ao outeiro de Amá, que está diante de Giá, junto ao caminho do deserto de Gibeão. |
2 | 25 | E os filhos de Benjamim se ajuntaram atrás de Abner e, formando-se num batalhão, puseram-se no cume dum outeiro. |
2 | 26 | Então Abner gritou a Joabe, e disse: Devorará a espada para sempre? não sabes que por fim haverá amargura? até quando te demorarás em ordenar ao povo que deixe de perseguir a seus irmãos? |
2 | 27 | Respondeu Joabe: Vive Deus, que, se não tivesses falado, só amanhã cedo teria o povo cessado, cada um, de perseguir a seu irmao. |
2 | 28 | Então Joabe tocou a buzina, e todo o povo parou; e não perseguiram mais a Israel, e tampouco pelejaram mais. |
2 | 29 | E caminharam Abner e os seus homens toda aquela noite pela Arabá; e, passando o Jordão, caminharam por todo o Bitrom, e vieram a Maanaim. |
2 | 30 | Voltou, pois, Joabe de seguir a Abner; e quando ajuntou todo o povo, faltavam dos servos de Davi dezenove homens, e Asael. |
2 | 31 | Mas os servos de Davi tinham ferido dentre os de Benjamim, e dentre os homens de Abner, a trezentos e sessenta homens, de tal maneira que morreram. |
2 | 32 | E levantaram a Asael, e o sepultaram no sepulcro de seu pai, que estava em Belém. E Joabe e seus homens caminharam toda aquela noite, e amanheceu-lhes o dia em Hebrom. |
3 | 1 | Ora, houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se fortalecia cada vez mais, enquanto a casa de Saul cada vez mais se enfraquecia. |
3 | 2 | Nasceram filhos a Davi em Hebrom. Seu primogênito foi Amnom, de Ainoã, a jizreelita; |
3 | 3 | o segundo Quileabe, de Abigail, que fôra mulher de Nabal, o carmelita; o terceiro Absalão, filho de Maacá, filha de Talmai, rei de Gesur; |
3 | 4 | o quarto Adonias, filho de Hagite, o quinto Sefatias, filho de Abital; |
3 | 5 | e o sexto Itreão, de Eglá, também mulher de Davi; estes nasceram a Davi em Hebrom. |
3 | 6 | Enquanto havia guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, Abner ia se tornando poderoso na casa de Saul: |
3 | 7 | Ora, Saul tivera uma concubina, cujo nome era Rizpa, filha de Aías. Perguntou, pois, Isbosete a Abner: Por que entraste à concubina de meu pai? |
3 | 8 | Então Abner, irando-se muito pelas palavras de Isbosete, disse: Sou eu cabeça de cão, que pertença a Judá? Ainda hoje uso de benevolência para com a casa de Saul, teu pai, e para com seus irmãos e seus amigos, e não te entreguei nas mãos de Davi; contudo tu hoje queres culpar-me no tocante a essa mulher. |
3 | 9 | Assim faça Deus a Abner, e outro tanto, se, como o Senhor jurou a Davi, assim eu não lhe fizer, |
3 | 10 | transferindo o reino da casa de Saul, e estabelecendo o trono de Davi sobre Israel, e sobre Judá, desde Dã até Berseba. |
3 | 11 | E Isbosete não pôde responder a Abner mais uma palavra, porque o temia. |
3 | 12 | Então enviou Abner da sua parte mensageiros a Davi, dizendo: De quem é a terra? Comigo faze a tua aliança, e eis que a minha mão será contigo, para fazer tornar a ti todo o Israel. |
3 | 13 | Respondeu Davi: Está bem; farei aliança contigo; mas uma coisa te exijo; não verás a minha face, se primeiro não me trouxeres Mical, filha de Saul, quando vieres ver a minha face. |
3 | 14 | Também enviou Davi mensageiros a Isbosete, filho de Saul, dizendo: Entrega-me minha mulher Mical, que eu desposei por cem prepúcios de filisteus. |
3 | 15 | Enviou, pois, Isbosete, e a tirou a seu marido, a Paltiel, filho de Laís, |
3 | 16 | que a seguia, chorando atrás dela até Baurim. Então lhe disse Abner: Vai-te; volta! E ele voltou. |
3 | 17 | Falou Abner com os anciãos de Israel, dizendo: De há muito procurais fazer com que Davi reine sobre vós; |
3 | 18 | fazei-o, pois, agora, porque o Senhor falou de Davi, dizendo: Pela mão do meu servo Davi livrarei o meu povo da mão dos filisteus e da mão de todos os seus inimigos. |
3 | 19 | Do mesmo modo falou Abner a Benjamim, e foi também dizer a Davi, em Hebrom, tudo o que Israel e toda a casa de Benjamim tinham resolvido. |
3 | 20 | Abner foi ter com Davi, em Hebrom, com vinte homens; e Davi fez um banquete a Abner e aos homens que com ele estavam. |
3 | 21 | Então disse Abner a Davi: Eu me levantarei, e irei ajuntar ao rei meu senhor todo o Israel, para que faça aliança contigo; e tu reinarás sobre tudo o que desejar a sua alma: Assim despediu Davi a Abner, e ele se foi em paz. |
3 | 22 | Eis que os servos de Davi e Joabe voltaram de uma sortida, e traziam consigo grande despojo; mas Abner já não estava com Davi em Hebrom, porque este o tinha despedido, e ele se fora em paz. |
3 | 23 | Quando, pois, chegaram Joabe e todo o exército que vinha com ele, disseram-lhe: Abner, filho de Ner, veio ter com o rei; e o rei o despediu, e ele se foi em paz. |
3 | 24 | Então Joabe foi ao rei, e disse: Que fizeste? Eis que Abner veio ter contigo; por que, pois, o despediste, de maneira que se fosse assim livremente? |
3 | 25 | Bem conheces a Abner, filho de Ner; ele te veio enganar, e saber a tua saída e a tua entrada, e conhecer tudo quanto fazes. |
3 | 26 | E Joabe, retirando-se de Davi, enviou mensageiros atrás de Abner, que o fizeram voltar do poço de Sira, sem que Davi o soubesse. |
3 | 27 | Quando Abner voltou a Hebrom, Joabe o tomou à parte, à entrada da porta, para lhe falar em segredo; e ali, por causa do sangue de Asael, seu irmão, o feriu no ventre, de modo que ele morreu. |
3 | 28 | Depois Davi, quando o soube, disse: Inocente para sempre sou eu, e o meu reino, para com o Senhor, no tocante ao sangue de Abner, filho de Ner. |
3 | 29 | Caia ele sobre a cabeça de Joabe e sobre toda a casa de seu pai, e nunca falte na casa de Joabe quem tenha fluxo, ou quem seja leproso, ou quem se atenha a bordão, ou quem caia à espada, ou quem necessite de pão. |
3 | 30 | Joabe, pois, e Abisai, seu irmão, mataram Abner, por ter ele morto a Asael, irmão deles, na peleja em Gibeão. |
3 | 31 | Disse Davi a Joabe e a todo o povo que com ele estava: Rasgai as vossas vestes, cingi-vos de sacos e ide pranteando diante de Abner. E o rei Davi ia seguindo o féretro. |
3 | 32 | Sepultaram Abner em Hebrom; e o rei, levantando a sua voz, chorou junto da sepultura de Abner; chorou também todo o povo. |
3 | 33 | Pranteou o rei a Abner, dizendo: Devia Abner, porventura, morrer como morre o vilão? |
3 | 34 | As tuas mãos não estavam atadas, nem os teus pés carregados de grilhões; mas caíste como quem cai diante dos filhos da iniqüidade. Então todo o povo tornou a chorar por ele. |
3 | 35 | Depois todo o povo veio fazer com que Davi comesse pão, sendo ainda dia; porém Davi jurou, dizendo: Assim Deus me faça e outro tanto, se, antes que o sol se ponha, eu provar pão ou qualquer outra coisa. |
3 | 36 | Todo o povo notou isso, e pareceu-lhe bem; assim como tudo quanto o rei fez pareceu bem a todo o povo. |
3 | 37 | Assim todo o povo e todo o Israel entenderam naquele mesmo dia que não fora a vontade do rei que matassem a Abner, filho de Ner. |
3 | 38 | Então disse o rei aos seus servos: Não sabeis que hoje caiu em Israel um príncipe, um grande homem? |
3 | 39 | E quanto a mim, hoje estou fraco, embora ungido rei; estes homens, filhos de Zeruia, são duros demais para mim. Retribua o Senhor ao malfeitor conforme a sua maldade. |
4 | 1 | Quando Isbosete, filho de Saul, soube que Abner morrera em Hebrom, esvaíram-se-lhe as forças, e todo o Israel ficou perturbado. |
4 | 2 | Tinha Isbosete, filho de Saul, dois homens chefes de guerrilheiros; um deles se chamava Baaná, e o outro Recabe, filhos de Rimom, o beerotita, dos filhos de Benjamim (porque também Beerote era contado de Benjamim, |
4 | 3 | tendo os beerotitas fugido para Jitaim, onde têm peregrinado até o dia de hoje). |
4 | 4 | Ora, Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Este era da idade de cinco anos quando chegaram de Jizreel as novas a respeito de Saul e Jônatas; pelo que sua ama o tomou, e fugiu; e sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo. O seu nome era Mefibosete. |
4 | 5 | Foram os filhos de Rimom, o beerotita, Recabe e Baanã, no maior calor de dia, e entraram em casa de Isbosete, estando ele deitado a dormir a sesta. |
4 | 6 | Entraram ali até o meio da casa, como que vindo apanhar trigo, e o feriram no ventre; e Recabe e Baaná, seu irmão, escaparam. |
4 | 7 | Porque entraram na sua casa, estando ele deitado na cama, no seu quarto de dormir, e o feriram e mataram, e cortando-lhe a cabeça, tomaram-na e andaram a noite toda pelo caminho da Arabá. |
4 | 8 | Assim trouxeram a cabeça de Isbosete a Davi em Hebrom, e disseram ao rei: Eis aqui a cabeça de Isbosete, filho de Saul, teu inimigo, que procurava a tua morte; assim o Senhor vingou hoje ao rei meu Senhor, de Saul e da sua descendência. |
4 | 9 | Mas Davi, respondendo a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, e beerotita, disse-lhes: Vive o Senhor, que remiu a minha alma de toda a angústia! |
4 | 10 | Se àquele que me trouxe novas, dizendo: Eis que Saul é morto, cuidando que trazia boas novas, eu logo lancei mão dele, e o matei em Ziclague, sendo essa a recompensa que lhe dei pelas novas, |
4 | 11 | quanto mais quando homens cruéis mataram um homem justo em sua casa, sobre a sua cama, não requererei eu e seu sangue de vossas mãos, e não vos exterminarei da terra? |
4 | 12 | E Davi deu ordem aos seus mancebos; e eles os mataram e, cortando-lhes as mãos e os pés, os penduraram junto ao tanque em Hebrom. Tomaram, porém, a cabeça de Isbosete, e a sepultaram na sepultura de Abner, em Hebrom. |
5 | 1 | Então todas as tribos de Israel vieram a Davi em Hebrom e disseram: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne! |
5 | 2 | Além disso, outrora, quando Saul ainda reinava sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel, e tu serás chefe sobre Israel. |
5 | 3 | Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ter com o rei em Hebrom; e o rei Davi fez aliança com eles em Hebrom, perante o Senhor; e ungiram a Davi rei sobre Israel. |
5 | 4 | Trinta anos tinha Davi quando começou a reinar, e reinou quarenta anos. |
5 | 5 | Em Hebrom reinou sete anos e seis meses sobre Judá, e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá. |
5 | 6 | Depois partiu o rei com os seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus, que habitavam naquela terra, os quais disseram a Davi: Não entrarás aqui; os cegos e es coxos te repelirão; querendo dizer: Davi de maneira alguma entrará aqui. |
5 | 7 | Todavia Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi. |
5 | 8 | Ora, Davi disse naquele dia: Todo o que ferir os jebuseus, suba ao canal, e fira a esses coxos e cegos, a quem a alma de Davi aborrece. Por isso se diz: Nem cego nem, coxo entrara na casa. |
5 | 9 | Assim habitou Davi na fortaleza, e chamou-a cidade de Davi; e foi levantando edifícios em redor, desde Milo para dentro. |
5 | 10 | Davi ia-se engrandecendo cada vez mais, porque o Senhor Deus dos exércitos era com ele. |
5 | 11 | Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros e pedreiros, que edificaram para Davi uma casa. |
5 | 12 | Entendeu, pois, Davi que o Senhor o confirmara rei sobre Israel, e que exaltara e reino dele por amar do seu povo Israel. |
5 | 13 | Davi tomou ainda para si concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas. |
5 | 14 | São estes os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, |
5 | 15 | Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, |
5 | 16 | Elisama, e Eliadá e Elifelete. |
5 | 17 | Quando os filisteus ouviram que Davi fora ungido rei sobre Israel, subiram todos em busca dele. Ouvindo isto, Davi desceu à fortaleza. |
5 | 18 | Os filisteus vieram, e se estenderam pelo vale de Refaim. |
5 | 19 | Pelo que Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei contra os filisteus? entregar-mos-ás nas mãos? Respondeu o Senhor a Davi: Sobe, pois eu entregarei os filisteus nas tuas mãos. |
5 | 20 | Então foi Davi a Baal-Perazim, e ali os derrotou; e disse: O Senhor rompeu os meus inimigos diante de mim, como as águas rompem barreiras. Por isso chamou o nome daquele lugar Baal-Perazim. |
5 | 21 | Os filisteus deixaram lá os seus ídolos, e Davi e os seus homens os levaram. |
5 | 22 | Tornaram ainda os filisteus a subir, e se espalharam pelo vale de Refaim. |
5 | 23 | E Davi consultou ao Senhor, que respondeu: Não subirás; mas rodeia-os por detrás, e virás sobre eles por defronte dos balsameiros. |
5 | 24 | E há de ser que, ouvindo tu o ruído de marcha pelas copas dos balsameiros, então te apressarás, porque é o Senhor que sai diante de ti, a ferir o arraial dos filisteus. |
5 | 25 | Fez, pois, Davi como o Senhor lhe havia ordenado; e feriu os filisteus desde Geba, até chegar a Gezer. |
6 | 1 | Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número de trinta mil. |
6 | 2 | Depois levantou-se Davi, e partiu para Baal-Judá com todo o povo que tinha consigo, para trazerem dali para cima a arca de Deus, a qual é chamada pelo Nome, o nome do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins. |
6 | 3 | Puseram a arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo. |
6 | 4 | Foram, pois, levando-o da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro, com a arca de Deus; e Aiô ia adiante da arca. |
6 | 5 | E Davi, e toda a casa de Israel, tocavam perante o Senhor, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, saltérios, tamboris, pandeiros e címbalos. |
6 | 6 | Quando chegaram à eira de Nacom, Uzá estendeu a mão à arca de Deus, e pegou nela, porque os bois tropeçaram. |
6 | 7 | Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali; e Uzá morreu ali junto à arca de Deus. |
6 | 8 | E Davi se contristou, porque o Senhor abrira rotura em Uzá; e passou-se a chamar àquele lugar, Pérez-Uzá, até o dia de hoje. |
6 | 9 | Davi, pois, teve medo do Senhor naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do Senhor? |
6 | 10 | E não quis levar a arca do Senhor para a cidade de Davi; mas fê-la entrar na casa de Obede-Edom, o gitita. |
6 | 11 | E ficou a arca do Senhor três meses na casa de Obede-Edom, o gitita, e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa. |
6 | 12 | Então informaram a Davi, dizendo: O Senhor abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto é dele, por causa da arca de Deus. Foi, pois, Davi, e com alegria fez subir a arca de Deus, da casa de Obede-Edom para a cidade de Davi. |
6 | 13 | Quando os que levavam a arca do Senhor tinham dado seis passos, ele sacrificou um boi e um animal cevado. |
6 | 14 | E Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido dum éfode de linho. |
6 | 15 | Assim Davi e toda a casa de Israel subiam, trazendo a arca do Senhor com júbilo e ao som de trombetas. |
6 | 16 | Quando entrava a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi saltando e dançando diante do senhor, o desprezou no seu coraçao. |
6 | 17 | Introduziram, pois, a arca do Senhor, e a puseram no seu lugar, no meio da tenda que Davi lhe armara; e Davi ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor. |
6 | 18 | Quando Davi acabou de oferecer os holocaustos e ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do Senhor dos exércitos. |
6 | 19 | Depois repartiu a todo o povo, a toda a multidão de Israel, tanto a homens como a mulheres, a cada um, um bolo de pão, um bom pedaço de carne e um bolo de passas. Em seguida todo o povo se retirou, cada um para sua casa. |
6 | 20 | Então Davi voltou para abençoar a sua casa; e Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com Davi, e disse: Quão honrado foi o rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre um indivíduo qualquer. |
6 | 21 | Disse, porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que teu escolheu a mim de preferência a teu pai e a toda a sua casa, estabelecendo-me por chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel, sim, foi perante Senhor que dancei; e perante ele ainda hei de dançar |
6 | 22 | Também ainda mais do que isso me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos; mas das servas, de quem falaste, delas serei honrado. |
6 | 23 | E Mical, filha de Saul não teve filhos, até o dia de sua morte. |
7 | 1 | Ora, estando o rei Davi em sua casa e tendo-lhe dado o Senhor descanso de todos os seus inimigos em redor, |
7 | 2 | disse ele ao profeta Natã: Eis que eu moro numa casa de cedro, enquanto que a arca de Deus dentro de uma tenda. |
7 | 3 | Respondeu Natã ao rei: Vai e faze tudo quanto está no teu coração, porque o Senhor é contigo. |
7 | 4 | Mas naquela mesma noite a palavra do Senhor veio a Natã, dizendo: |
7 | 5 | Vai, e dize a meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu uma casa para eu nela habitar? |
7 | 6 | Porque em casa nenhuma habitei, desde o dia em que fiz subir do Egito os filhos de Israel até o dia de hoje, mas tenho andado em tenda e em tabernáculo. |
7 | 7 | E em todo lugar em que tenho andado com todos os filhos de Israel, falei porventura, alguma palavra a qualquer das suas tribos a que mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: por que não me edificais uma casa de cedro? |
7 | 8 | Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos exércitos: Eu te tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel; |
7 | 9 | e fui contigo, por onde quer que foste, e destruí a todos os teus inimigos diante de ti; e te farei um grande nome, como o nome dos grandes que há na terra. |
7 | 10 | Também designarei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei ali, para que ele habite no seu lugar, e não mais seja perturbado, e nunca mais os filhos da iniqüidade o aflijam, como dantes, |
7 | 11 | e como desde o dia em que ordenei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel. A ti, porém, darei descanso de todos os teus inimigos. Também o Senhor te declara que ele te fará casa. |
7 | 12 | Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. |
7 | 13 | Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. |
7 | 14 | Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens; |
7 | 15 | mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. |
7 | 16 | A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre. |
7 | 17 | Conforme todas estas palavras, e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi. |
7 | 18 | Então entrou o rei Davi, e sentou-se perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, Senhor Jeová, e que é a minha casa, para me teres trazido até aqui? |
7 | 19 | E isso ainda foi pouco aos teus olhos, Senhor Jeová, senão que também falaste da casa do teu servo para tempos distantes; e me tens mostrado gerações futuras, ó Senhor Jeová? |
7 | 20 | Que mais te poderá dizer Davi. pois tu conheces bem o teu servo, ó Senhor Jeová. |
7 | 21 | Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza, revelando-a ao teu servo. |
7 | 22 | Portanto és grandioso, ó Senhor Jeová, porque ninguém há semelhante a ti, e não há Deus senão tu só, segundo tudo o que temos ouvido com os nossos ouvidos. |
7 | 23 | Que outra nação na terra é semelhante a teu povo Israel, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para te ser povo, para te fazeres um nome, e para fazeres a seu favor estas grandes e terríveis coisas para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste para ti do Egito, desterrando nações e seus deuses? |
7 | 24 | Assim estabeleceste o teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu, Senhor, te fizeste o seu Deus. |
7 | 25 | Agora, pois, o Senhor Jeová, confirma para sempre a palavra que falaste acerca do teu servo e acerca da sua casa, e faze como tens falado, |
7 | 26 | para que seja engrandecido o teu nome para sempre, e se diga: O Senhor dos exércitos é Deus sobre Israel; e a casa do teu servo será estabelecida diante de ti. |
7 | 27 | Pois tu, Senhor dos exércitos, Deus de Israel, fizeste uma revelação ao teu servo, dizendo: Edificar-te-ei uma casa. Por isso o teu servo se animou a fazer-te esta oração. |
7 | 28 | Agora, pois, Senhor Jeová, tu és Deus, e as tuas palavras são verdade, e tens prometido a teu servo este bem. |
7 | 29 | Sê, pois, agora servido de abençoar a casa do teu servo, para que subsista para sempre diante de ti; pois tu, ó Senhor Jeová, o disseste; e com a tua bênção a casa do teu servo será, abençoada para sempre. |
8 | 1 | Sucedeu depois disso que Davi derrotou os filisteus, e os sujeitou; e Davi tomou a Metegue-Ama das mãos dos filisteus. |
8 | 2 | Também derrotou os moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar por terra; e mediu dois cordéis para os matar, e um cordel inteiro para os deixar com vida. Ficaram assim os moabitas por servos de Davi, pagando-lhe tributos. |
8 | 3 | Davi também derrotou a Hadadézer, filho de Reobe, rei de Zobá, quando este ia estabelecer o seu domínio sobre o rio Eufrates. |
8 | 4 | E tomou-lhe Davi mil e setecentos cavaleiros e vinte mil homens de infantaria; e Davi jarretou a todos os cavalos dos carros, reservando apenas cavalos para cem carros. |
8 | 5 | Os sírios de Damasco vieram socorrer a Hadadézer, rei de Zobá, mas Davi matou deles vinte e dois mil homens. |
8 | 6 | Então Davi pôs guarnições em Síria de Damasco, e os sírios ficaram por servos de Davi, pagando-lhe tributos. E o Senhor lhe dava a vitória por onde quer que ia. |
8 | 7 | E Davi tomou os escudos de ouro que os servos de Hadadézer usavam, e os trouxe para Jerusalém. |
8 | 8 | De Betá e de Berotai, cidades de Hadadézer, o rei Davi tomou grande quantidade de bronze. |
8 | 9 | Quando Toí, rei de Hamate, ouviu que Davi ferira todo o exército de Hadadézer, |
8 | 10 | mandou-lhe seu filho Jorão para saudá-lo, e para felicitá-lo por haver pelejado contra Hadadézer e o haver derrotado; pois Hadadézer de contínuo fazia guerra a Toí. E Jorão trouxe consigo vasos de prata de ouro e de bronze, |
8 | 11 | os quais o rei Davi consagrou ao Senhor, como já havia consagrado a prata e o ouro de todas as nações que sujeitara. |
8 | 12 | da Síria, de Moabe, dos amonitas, dos filisteus, de Amaleque e dos despojos de Hadadézer, filho de Reobe, rei de Zobá. |
8 | 13 | Assim Davi ganhou nome para si. E quando voltou, matou no Vale do Sal a dezoito mil edomitas. |
8 | 14 | E pôs guarnições em Edom; pô-las em todo o Edom, e todos os edomitas tornaram-se servos de Davi. E o Senhor lhe dava a vitória por onde quer que ia. |
8 | 15 | Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel, e administrava a justiça e a eqüidade a todo o seu povo. |
8 | 16 | Joabe, filho de Zeruia, estava sobre o exército; Jeosafá, filho de Ailude, era cronista; |
8 | 17 | Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes; Seraías era escrivão; |
8 | 18 | Benaías, filho de Jeoiada, tinha o cargo dos quereteus e peleteus; e os filhos de Davi eram ministros de estado. |
9 | 1 | Disse Davi: Resta ainda alguém da casa de Saul, para que eu use de benevolência para com ele por amor de Jônatas? |
9 | 2 | E havia um servo da casa de Saul, cujo nome era Ziba; e o chamaram à presença de Davi. perguntou-lhe o rei: Tu és Ziba? Respondeu ele: Teu servo! |
9 | 3 | Prosseguiu o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que eu possa usar com ele da benevolência de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado dos pés. |
9 | 4 | Perguntou-lhe o rei: Onde está. Respondeu Ziba ao rei: Está em casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar. |
9 | 5 | Então mandou o rei Davi, e o tomou da casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar. |
9 | 6 | E Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, veio a Davi e, prostrando-se com o rosto em terra, lhe fez reverência. E disse Davi: Mefibosete! Respondeu ele: Eis aqui teu servo. |
9 | 7 | Então lhe disse Davi: Não temas, porque de certo usarei contigo de benevolência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai; e tu sempre comerás à minha mesa. |
9 | 8 | Então Mefibosete lhe fez reverência, e disse: Que é o teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu? |
9 | 9 | Então chamou Davi a Ziba, servo de Saul, e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e a toda a sua casa, tenho dado ao filho de teu senhor. |
9 | 10 | Cultivar-lhe-ás, pois, a terra, tu e teus filhos, e teus servos; e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão para comer; mas Mefibosete, filho de teu senhor, comerá sempre à minha mesa. Ora, tinha Ziba quinze filhos e vinte servos. |
9 | 11 | Respondeu Ziba ao rei: Conforme tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim o fará ele. Disse o rei: Quanto a Mefibosete, ele comerá à minha mesa como um dos filhos do rei. |
9 | 12 | E tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica. E todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete. |
9 | 13 | Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto sempre comia à mesa do rei. E era coxo de ambos os pés. |
10 | 1 | Depois disto morreu o rei dos amonitas, e seu filho Hanum reinou em seu lugar. |
10 | 2 | Então disse Davi: usarei de benevolência para com Hanum, filho de Naás, como seu pai usou de benevolência para comigo. Davi, pois, enviou os seus servos para o consolar acerca de seu pai; e foram os servos de Davi à terra dos amonitas. |
10 | 3 | Então disseram os príncipes dos amonitas a seu senhor, Hanum: Pensas, porventura, que foi para honrar teu pai que Davi te enviou consoladores? Não te enviou antes os seus servos para reconhecerem esta cidade e para a espiarem, a fim de transtorná-la? |
10 | 4 | Pelo que Hanum tomou os servos de Davi, rapou-lhes metade da barba, cortou-lhes metade dos vestidos, até as nádegas, e os despediu. |
10 | 5 | Quando isso foi dito a Davi, enviou ele mensageiros a encontrá-los, porque aqueles homens estavam sobremaneira envergonhados; e mandou dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba, e então voltai. |
10 | 6 | Vendo, pois, os amonitas que se haviam feito abomináveis para com Davi, enviaram e alugaram dos sírios de Bete-Reobe e dos sírios de Bete-Reobe e dos sírios de Sobá vinte mil homens de infantaria, e do rei de Maacá mil homens, e dos homens de Tobe doze mil. |
10 | 7 | O que ouvindo Davi, enviou contra eles a Joabe com todo o exército dos valentes. |
10 | 8 | E saíram os amonitas, e ordenaram a batalha a entrada da porta; mas os sírios de Zobá e de Reobe, e os homens de Tobe e de Maacá estavam à parte no campo. |
10 | 9 | Vendo, pois, Joabe que a batalha estava preparada contra ele pela frente e pela retaguarda, escolheu alguns homens dentre a flor do exército de Israel, e formou-os em linha contra os sírios; |
10 | 10 | e entregou o resto do povo a seu irmão Abisai, para que o formasse em linha contra os amonitas. |
10 | 11 | E disse-lhe: Se os sírios forem mais fortes do que eu, tu me virás em socorro; e se os amonitas forem mais fortes do que tu, eu irei em teu socorro. |
10 | 12 | Tem bom ânimo, e sejamos corajosos pelo nosso povo, e pelas cidades de nosso Deus; e faça o Senhor o que bem lhe parecer. |
10 | 13 | Então Joabe e o povo que estava com ele travaram a peleja contra os sírios; e estes fugiram diante dele. |
10 | 14 | E, vendo os amonitas que os sírios fugiam, também eles fugiram de diante de Abisai, e entraram na cidade. Então Joabe voltou dos amonitas e veio para Jerusalém. |
10 | 15 | Os sírios, vendo que tinham sido derrotados diante de Israel, trataram de refazer-se. |
10 | 16 | E Hadadézer mandou que viessem os sírios que estavam da outra banda do rio; e eles vieram a Helã, tendo à sua frente Sobaque, chefe do exército de Hadadézer. |
10 | 17 | Davi, informado disto, ajuntou todo o Israel e, passando o Jordão, foi a Helã; e os sírios se puseram em ordem contra Davi, e pelejaram contra ele. |
10 | 18 | Os sírios, porém, fugiram de diante de Israel; e Davi matou deles os homens de setecentos carros, e quarenta mil homens de cavalaria; e feriu a Sobaque, general do exército, de sorte que ele morreu ali. |
10 | 19 | Vendo, pois, todos os reis, servos de Hadadézer, que estavam derrotados diante de Israel, fizeram paz com Israel, e o serviram. E os sírios não ousaram mais socorrer aos amonitas. |
11 | 1 | Tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra, Davi enviou Joabe, e com ele os seus servos e todo o Israel; e eles destruíram os amonitas, e sitiaram a Rabá. Porém Davi ficou em Jerusalem. |
11 | 2 | Ora, aconteceu que, numa tarde, Davi se levantou do seu leito e se pôs a passear no terraço da casa real; e do terraço viu uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista. |
11 | 3 | Tendo Davi enviado a indagar a respeito daquela mulher, disseram-lhe: Porventura não é Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu? |
11 | 4 | Então Davi mandou mensageiros para trazê-la; e ela veio a ele, e ele se deitou com ela (pois já estava purificada da sua imundícia); depois ela voltou para sua casa. |
11 | 5 | A mulher concebeu; e mandou dizer a Davi: Estou grávida. |
11 | 6 | Então Davi mandou dizer a Joabe: Envia-me Urias, o heteu. E Joabe o enviou a Davi. |
11 | 7 | Vindo, pois, Urias a Davi, este lhe perguntou como passava Joabe, e como estava o povo, e como ia a guerra. |
11 | 8 | Depois disse Davi a Urias: Desce a tua casa, e lava os teus pés. E, saindo Urias da casa real, logo foi mandado após ele um presente do rei. |
11 | 9 | Mas Urias dormiu à porta da casa real, com todos os servos do seu senhor, e não desceu a sua casa. |
11 | 10 | E o contaram a Davi, dizendo: Urias não desceu a sua casa. Então perguntou Davi a Urias: Não vens tu duma jornada? por que não desceste a tua casa? |
11 | 11 | Respondeu Urias a Davi: A arca, e Israel, e Judá estão em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao relento; e entrarei eu na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher? Como vives tu, e como vive a tua alma, não farei tal coisa. |
11 | 12 | Então disse Davi a Urias: Fica ainda hoje aqui, e amanhã te despedirei. Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte. |
11 | 13 | E Davi o convidou a comer e a beber na sua presença, e o embebedou; e à tarde saiu Urias a deitar-se na sua cama com os servos de seu senhor, porém não desceu a sua casa. |
11 | 14 | Pela manhã Davi escreveu uma carta a Joabe, e mandou-lha por mão de Urias. |
11 | 15 | Escreveu na carta: Ponde Urias na frente onde for mais renhida a peleja, e retirai-vos dele, para que seja ferido e morra. |
11 | 16 | Enquanto Joabe sitiava a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que havia homens valentes. |
11 | 17 | Quando os homens da cidade saíram e pelejaram contra Joabe, caíram alguns do povo, isto é, dos servos de Davi; morreu também Urias, o heteu. |
11 | 18 | Então Joabe mandou dizer a Davi tudo o que sucedera na peleja; |
11 | 19 | e deu ordem ao mensageiro, dizendo: Quando tiveres acabado de contar ao rei tudo o que sucedeu nesta peleja, |
11 | 20 | caso o rei se encolerize, e te diga: Por que vos chegastes tão perto da cidade a pelejar. Não sabíeis vós que haviam de atirar do muro? |
11 | 21 | Quem matou a Abimeleque, filho de Jerubesete? Não foi uma mulher que lançou sobre ele, do alto do muro, a pedra superior dum moinho, de modo que morreu em Tebez? Por que chegastes tão perto do muro? Então dirás: Também morreu teu servo Urias, o heteu. |
11 | 22 | Partiu, pois, o mensageiro e, tendo chegado, referiu a Davi tudo o que Joabe lhe ordenara. |
11 | 23 | Disse o mensageiro a Davi: Os homens ganharam uma vantagem sobre nós, e sairam contra nos ao campo; porém nos os repelimos até a entrada da porta. |
11 | 24 | Então os flecheiros atiraram contra os teus servos desde o alto do muro, e morreram alguns servos do rei; e também morreu o teu servo Urias, o heteu. |
11 | 25 | Disse Davi ao mensageiro: Assim dirás a Joabe: Não te preocupes com isso, pois a espada tanto devora este como aquele; aperta a tua peleja contra a cidade, e a derrota. Encoraja-o tu assim. |
11 | 26 | Ouvindo, pois, a mulher de Urias que seu marido era morto, o chorou. |
11 | 27 | E, passado o tempo do luto, mandou Davi recolhê-la a sua casa: e ela lhe foi por mulher, e lhe deu um filho. Mas isto que Davi fez desagradou ao Senhor. |
12 | 1 | O Senhor, pois, enviou Natã a Davi. E, entrando ele a ter com Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. |
12 | 2 | O rico tinha rebanhos e manadas em grande número; |
12 | 3 | mas o pobre não tinha coisa alguma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; ela crescera em companhia dele e de seus filhos; do seu bocado comia, do seu copo bebia, e dormia em seu regaço; e ele a tinha como filha. |
12 | 4 | Chegou um viajante à casa do rico; e este, não querendo tomar das suas ovelhas e do seu gado para guisar para o viajante que viera a ele, tomou a cordeira do pobre e a preparou para o seu hóspede. |
12 | 5 | Então a ira de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem; e disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso. |
12 | 6 | Pela cordeira restituirá o quádruplo, porque fez tal coisa, e não teve compaixão. |
12 | 7 | Então disse Natã a Davi: Esse homem és tu! Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, livrei-te da mão de Saul, |
12 | 8 | e te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio; também te dei a casa de Israel e de Judá. E se isso fosse pouco, te acrescentaria outro tanto. |
12 | 9 | Por que desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, mataste à espada, e a sua mulher tomaste para ser tua mulher; sim, a ele mataste com a espada dos amonitas. |
12 | 10 | Agora, pois, a espada jamais se apartará da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. |
12 | 11 | Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres à luz deste sol. |
12 | 12 | Pois tu o fizeste em oculto; mas eu farei este negócio perante todo o Israel e à luz do sol. |
12 | 13 | Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morreras. |
12 | 14 | Todavia, porquanto com este feito deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá. |
12 | 15 | Então Natã foi para sua casa. Depois o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi, de sorte que adoeceu gravemente. |
12 | 16 | Davi, pois, buscou a Deus pela criança, e observou rigoroso jejum e, recolhendo-se, passava a noite toda prostrado sobre a terra. |
12 | 17 | Então os anciãos da sua casa se puseram ao lado dele para o fazerem levantar-se da terra; porém ele não quis, nem comeu com eles. |
12 | 18 | Ao sétimo dia a criança morreu; e temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança tinha morrido; pois diziam: Eis que, sendo a criança ainda viva, lhe falávamos, porém ele não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança morreu? Poderá cometer um desatino. |
12 | 19 | Davi, porém, percebeu que seus servos cochichavam entre si, e entendeu que a criança havia morrido; pelo que perguntou a seus servos: Morreu a criança? E eles responderam: Morreu. |
12 | 20 | Então Davi se levantou da terra, lavou-se, ungiu-se, e mudou de vestes; e, entrando na casa do Senhor, adorou. Depois veio a sua casa, e pediu o que comer; e lho deram, e ele comeu. |
12 | 21 | Então os seus servos lhe disseram: Que é isso que fizeste? pela criança viva jejuaste e choraste; porém depois que a criança morreu te levantaste e comeste. |
12 | 22 | Respondeu ele: Quando a criança ainda vivia, jejuei e chorei, pois dizia: Quem sabe se o Senhor não se compadecerá de mim, de modo que viva a criança? |
12 | 23 | Todavia, agora que é morta, por que ainda jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei para ela, porém ela não voltará para mim. |
12 | 24 | Então consolou Davi a Bate-Seba, sua mulher, e entrou, e se deitou com ela. E teve ela um filho, e Davi lhe deu o nome de Salomão. E o Senhor o amou; |
12 | 25 | e mandou, por intermédio do profeta Natã, dar-lhe o nome de Jedidias, por amor do Senhor. |
12 | 26 | Ora, pelejou Joabe contra Rabá, dos amonitas, e tomou a cidade real. |
12 | 27 | Então mandou Joabe mensageiros a Davi, e disse: Pelejei contra Rabá, e já tomei a cidade das águas. |
12 | 28 | Ajunta, pois, agora o resto do povo, acampa contra a cidade e toma-a, para que eu não a tome e seja o meu nome aclamado sobre ela. |
12 | 29 | Então Davi ajuntou todo o povo, e marchou para Rabá; pelejou contra ela, e a tomou. |
12 | 30 | Também tirou a coroa da cabeça do seu rei; e o peso dela era de um talento de ouro e havia nela uma pedra preciosa; e foi posta sobre a cabeça de Davi, que levou da cidade mui grande despojo. |
12 | 31 | E, trazendo os seus habitantes, os pôs a trabalhar com serras, trilhos de ferro, machados de ferro, e em fornos de tijolos; e assim fez a todas as cidades dos amonitas. Depois voltou Davi e todo o povo para Jerusalém. |
13 | 1 | Ora, Absalão, filho de Davi, tinha uma irmã formosa, cujo nome era Tamar; e sucedeu depois de algum tempo que Amnom, filho de Davi enamorou-se dela. |
13 | 2 | E angustiou-se Amnom, até adoecer, por amar, sua irmã; pois era virgem, e parecia impossível a Amnom fazer coisa alguma com ela. |
13 | 3 | Tinha, porém, Amnom um amigo, cujo nome era Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi; e era Jonadabe homem mui sagaz. |
13 | 4 | Este lhe perguntou: Por que tu de dia para dia tanto emagreces, ó filho do rei? não mo dirás a mim? Então lhe respondeu Amnom: Amo a Tamar, irmã de Absalão, meu irmao. |
13 | 5 | Tornou-lhe Jonadabe: Deita-te na tua cama, e finge-te doente; e quando teu pai te vier visitar, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha dar-me de comer, preparando a comida diante dos meus olhos, para que eu veja e coma da sua mão. |
13 | 6 | Deitou-se, pois, Amnom, e fingiu-se doente. Vindo o rei visitá-lo, disse-lhe Amnom: Peço-te que minha irmã Tamar venha e prepare dois bolos diante dos meus olhos, para que eu coma da sua mão. |
13 | 7 | Mandou, então, Davi a casa, a dizer a Tamar: Vai a casa de Amnom, teu irmão, e faze-lhe alguma comida. |
13 | 8 | Foi, pois, Tamar a casa de Amnom, seu irmão; e ele estava deitado. Ela tomou massa e, amassando-a, fez bolos e os cozeu diante dos seus olhos. |
13 | 9 | E tomou a panela, e os tirou diante dele; porém ele recusou comer. E disse Amnom: Fazei retirar a todos da minha presença. E todos se retiraram dele. |
13 | 10 | Então disse Amnom a Tamar: Traze a comida a câmara, para que eu coma da tua mão. E Tamar, tomando os bolos que fizera, levou-os à câmara, ao seu irmão Amnom. |
13 | 11 | Quando lhos chegou, para que ele comesse, Amnom pegou dela, e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, minha irmã. |
13 | 12 | Ela, porém, lhe respondeu: Não, meu irmão, não me forces, porque não se faz assim em Israel; não faças tal loucura. |
13 | 13 | Quanto a mim, para onde levaria o meu opróbrio? E tu passarias por um dos insensatos em Israel. Rogo-te, pois, que fales ao rei, porque ele não me negará a ti. |
13 | 14 | Todavia ele não quis dar ouvidos à sua voz; antes, sendo mais forte do que ela, forçou-a e se deitou com ela. |
13 | 15 | Depois sentiu Amnom grande aversão por ela, pois maior era a aversão que se sentiu por ela do que o amor que lhe tivera. E disse-lhe Amnom: Levanta-te, e vai-te. |
13 | 16 | Então ela lhe respondeu: Não há razão de me despedires; maior seria este mal do que o outro já me tens feito. Porém ele não lhe quis dar ouvidos, |
13 | 17 | mas, chamando o moço que o servia, disse-lhe: Deita fora a esta mulher, e fecha a porta após ela. |
13 | 18 | Ora, trazia ela uma túnica talar; porque assim se vestiam as filhas virgens dos reis. Então o criado dele a deitou fora, e fechou a porta após ela. |
13 | 19 | Pelo que Tamar, lançando cinza sobre a cabeça, e rasgando a túnica talar que trazia, pôs as mãos sobre a cabeça, e se foi andando e clamando. |
13 | 20 | Mas Absalão, seu irmão, lhe perguntou: Esteve Amnom, teu irmão, contigo? Ora pois, minha irmã, cala-te; é teu irmão. Não se angustie o seu coração por isto. Assim ficou Tamar, desolada, em casa de Absalão, seu irmão. |
13 | 21 | Quando o rei Davi ouviu todas estas coisas, muito se lhe acendeu a ira. |
13 | 22 | Absalão, porém, não falou com Amnom, nem mal nem bem, porque odiava a Amnom por ter ele forçado a Tamar, sua irmã. |
13 | 23 | Decorridos dois anos inteiros, tendo Absalão tosquiadores em Baal-Hazor, que está junto a Efraim, convidou todos os filhos do rei. |
13 | 24 | Foi, pois, Absalão ter com o rei, e disse: Eis que agora o teu servo faz a tosquia. Peço que o rei e os seus servos venham com o teu servo. |
13 | 25 | O rei, porém, respondeu a Absalão: Não, meu filho, não vamos todos, para não te sermos pesados. Absalão instou com ele; todavia ele não quis ir, mas deu-lhe a sua bençao. |
13 | 26 | Disse-lhe Absalão: Ao menos, deixa ir conosco Amnom, meu irmão. O rei, porém, lhe perguntou: Para que iria ele contigo? |
13 | 27 | Mas como Absalão instasse com o rei, este deixou ir com ele Amnom, e os demais filhos do rei. |
13 | 28 | Ora, Absalão deu ordem aos seus servos, dizendo: Tomai sentido; quando o coração de Amnom estiver alegre do vinho, e eu vos disser: Feri a Amnom; então matai-o. Não tenhais medo; não sou eu quem vo-lo ordenou? Esforçai-vos, e sede valentes. |
13 | 29 | E os servos de Absalão fizeram a Amnom como Absalão lhes havia ordenado. Então todos os filhos do rei se levantaram e, montando cada um no seu mulo, fugiram. |
13 | 30 | Enquanto eles ainda estavam em caminho, chegou a Davi um rumor, segundo o qual se dizia: Absalão matou todos os filhos do rei; nenhum deles ficou. |
13 | 31 | Então o rei se levantou e, rasgando as suas vestes, lançou-se por terra; da mesma maneira todos os seus servos que lhe assistiam rasgaram as suas vestes. |
13 | 32 | Mas Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, disse-lhe: Não presuma o meu senhor que mataram todos os mancebos filhos do rei, porque só morreu Amnom; porque assim o tinha resolvido fazer Absalão, desde o dia em que ele forçou a Tamar, sua irmã. |
13 | 33 | Não se lhe meta, pois, agora no coração ao rei meu senhor o pensar que morreram todos os filhos do rei; porque só morreu Amnom. |
13 | 34 | Absalão, porém, fugiu. E o mancebo que estava de guarda, levantando os olhos, orou, e eis que vinha muito povo pelo caminho por detrás dele, ao lado do monte. |
13 | 35 | Então disse Jonadabe ao rei: Eis aí vêm os filhos do rei; conforme a palavra de teu servo, assim sucedeu. |
13 | 36 | Acabando ele de falar, chegaram os filhos do rei e, levantando a sua voz, choraram; e também o rei e todos os seus servos choraram amargamente. |
13 | 37 | Absalão, porém, fugiu, e foi ter com Talmai, filho de Amiur, rei de Gesur. E Davi pranteava a seu filho todos os dias. |
13 | 38 | Tendo Absalão fugido para Gesur, esteve ali três anos. |
13 | 39 | Então o rei Davi sentiu saudades de Absalão, pois já se tinha consolado acerca da morte de Amnom. |
14 | 1 | Percebendo Joabe, filho de Zeruia, que o coração do rei estava inclinado para Absalão, |
14 | 2 | mandou a Tecoa trazer de lá uma mulher sagaz, e disse-lhe: Ora, finge que estás de nojo; põe vestidos de luto, não te unjas com óleo, e faze-te como uma mulher que há muitos dias chora algum morto; |
14 | 3 | vai ter com o rei, e fala-lhe desta maneira. Então Joabe lhe pôs as palavras na boca. |
14 | 4 | A mulher tecoíta, pois, indo ter com o rei e prostrando-se com o rosto em terra, fez-lhe uma reverência e disse: Salva-me, o rei. |
14 | 5 | Ao que lhe perguntou o rei: Que tens? Respondeu ela: Na verdade eu sou viúva; morreu meu marido. |
14 | 6 | Tinha a tua serva dois filhos, os quais tiveram uma briga no campo e, não havendo quem os apartasse, um feriu ao outro, e o matou. |
14 | 7 | E eis que toda a parentela se levantou contra a tua serva, dizendo: Dá-nos aquele que matou a seu irmão, para que o matemos pela vida de seu irmão, a quem ele matou, de modo que exterminemos também o herdeiro. Assim apagarão a brasa que me ficou, de sorte a não deixarem a meu marido nem nome, nem remanescente sobre a terra. |
14 | 8 | Então disse o rei à mulher: Vai para tua casa, e eu darei ordem a teu respeito. |
14 | 9 | Respondeu a mulher tecoíta ao rei: A iniqüidade, ó rei meu senhor, venha sobre mim e sobre a casa de meu pai; e fique inculpável o rei e o seu trono. |
14 | 10 | Tornou o rei: Quem falar contra ti, traze-mo a mim, e nunca mais te tocará. |
14 | 11 | Disse ela: Ora, lembre-se o rei do Senhor seu Deus, para que o vingador do sangue não prossiga na destruição, e não extermine a meu filho. Então disse ele: Vive o Senhor, que não há de cair no chão nem um cabelo de teu filho. |
14 | 12 | Então disse a mulher: Permite que a tua serva fale uma palavra ao rei meu senhor. Respondeu ele: Fala. |
14 | 13 | Ao que disse a mulher: Por que, pois, pensas tu tal coisa contra o povo de Deus? Pois, falando o rei esta palavra, fica como culpado, visto que o rei não torna a trazer o seu desterrado. |
14 | 14 | Porque certamente morreremos, e serereos como águas derramadas na terra, que não se podem ajuntar mais; Deus, todavia, não tira a vida, mas cogita meios para que não fique banido dele o seu desterrado. |
14 | 15 | E se eu agora vim falar esta palavra ao rei meu senhor, e porque o povo me atemorizou; pelo que dizia a tua serva: Falarei, pois, ao rei; porventura fará o rei segundo a palavra da sua serva. |
14 | 16 | Porque o rei ouvirá, para livrar a sua serva da mão do homem que intenta exterminar da herança de Deus tanto a mim como a meu filho. |
14 | 17 | Dizia mais a tua serva: Que a palavra do rei meu senhor me dê um descanso; porque como o anjo de Deus é o rei, meu senhor, para discernir o bem e o mal; e o Senhor teu Deus seja contigo. |
14 | 18 | Então respondeu o rei à mulher: Peço-te que não me encubras o que eu te perguntar. Tornou a mulher: Fale agora o rei meu senhor. |
14 | 19 | Perguntou, pois, o rei: Não é verdade que a mão de Joabe está contigo em tudo isso? Respondeu a mulher: Vive a tua alma, ó rei meu senhor, que ninguém se poderá desviar, nem para a direita nem para a esquerda, de tudo quanto diz o rei meu senhor; porque Joabe, teu servo, é quem me deu ordem, e foi ele que pôs na boca da tua serva todas estas palavras; |
14 | 20 | para mudar a feição do negócio é que Joabe, teu servo, fez isso. Sábio, porém, é meu senhor, conforme a sabedoria do anjo de Deus, para entender tudo o que há na terra. |
14 | 21 | Então o rei disse a Joabe: Eis que faço o que pedes; vai, pois, e faze voltar o mancebo Absalão. |
14 | 22 | Então Joabe se prostrou com o rosto em terra e, fazendo uma reverência, abençoou o rei; e disse Joabe: Hoje conhece o teu servo que achei graça aos teus olhos, ó rei meu senhor, porque o rei fez segundo a palavra do teu servo. |
14 | 23 | Levantou-se, pois, Joabe, foi a Gesue e trouxe Absalão para Jerusalém. |
14 | 24 | E disse o rei: Torne ele para sua casa, mas não venha à minha presença. Tornou, pois, Absalão para sua casa, e não foi à presença do rei. |
14 | 25 | Não havia em todo o Israel homem tão admirável pela sua beleza como Absalão; desde a planta do pé até o alto da cabeça não havia nele defeito algum. |
14 | 26 | E, quando ele cortava o cabelo, o que costumava fazer no fim de cada ano, porquanto lhe pesava muito, o peso do cabelo era de duzentos siclos, segundo o peso real. |
14 | 27 | Nasceram a Absalão três filhos, e uma filha cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa à vista. |
14 | 28 | Assim ficou Absalão dois anos inteiros em Jerusalém, sem ver a face do rei. |
14 | 29 | Então Absalão mandou chamar Joabe, para o enviar ao rei; porém Joabe não quis vir a ele. Mandou chamá-lo segunda vez, mas ele não quis vir. |
14 | 30 | Pelo que disse aos seus servos: Vede ali o campo de Joabe pegado ao meu, onde ele tem cevada; ide, e ponde-lhe fogo. E os servos de Absalão puseram fogo ao campo: |
14 | 31 | Então Joabe se levantou, e veio ter com Absalão, em casa, e lhe perguntou: Por que os teus servos puseram fogo ao meu campo. |
14 | 32 | Respondeu Absalão a Joabe: Eis que enviei a ti, dizendo: Vem cá, para que te envie ao rei, a dizer-lhe: Para que vim de Gesur? Melhor me fora estar ainda lá. Agora, pois, veja eu a face do rei; e, se há em mim alguma culpa, que me mate. |
14 | 33 | Foi, pois, Joabe à presença do rei, e lho disse. Então o rei chamou Absalão, e ele entrou à presença do rei, e se prostrou com o rosto em terra diante do rei; e o rei beijou Absalão. |
15 | 1 | Aconteceu depois disso que Absalão adquiriu para si um carro e cavalos, e cinqüenta homens que corressem adiante dele. |
15 | 2 | E levantando-se Absalão cedo, parava ao lado do caminho da porta; e quando algum homem tinha uma demanda para, vir ao rei a juízo, Absalão o chamava a si e lhe dizia: De que cidade és tu? E, dizendo ele: De tal tribo de Israel é teu servo; |
15 | 3 | Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta, porém não há da parte do rei quem te ouça. |
15 | 4 | Dizia mais Absalão: Ah, quem me dera ser constituído juiz na terra! para que viesse ter comigo todo homem que tivesse demanda ou questão, e eu lhe faria justiça. |
15 | 5 | Sucedia também que, quando alguém se chegava a ele para lhe fazer reverência, ele estendia a mão e, pegando nele o beijava. |
15 | 6 | Assim fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo; desse modo Absalão furtava o coração dos homens de Israel. |
15 | 7 | Aconteceu, ao cabo de quatro anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o voto que fiz ao Senhor. |
15 | 8 | Porque, morando eu em Gesur, na Síria, fez o teu servo um voto, dizendo: Se o Senhor, na verdade, me fizer tornar a Jerusalém, servirei ao Senhor. |
15 | 9 | Então lhe disse o rei: Vai em paz. Levantou-se, pois, e foi para Hebrom. |
15 | 10 | Absalão, porém, enviou emissários por todas as tribos de Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som da trombeta, direis: Absalão reina em Hebrom. |
15 | 11 | E de Jerusalém foram com Absalão duzentos homens que tinham sido convidados; mas iam na sua simplicidade, pois nada sabiam daquele desígnio. |
15 | 12 | Também Absalão, enquanto oferecia os seus sacrifícios, mandou vir da cidade de Siló, Aitofel, o gilonita, conselheiro de Davi. E a conspiração tornava-se poderosa, crescendo cada vez mais o número do povo que estava com Absalão. |
15 | 13 | Então veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de todo o Israel vai após Absalão. |
15 | 14 | Disse, pois, Davi a todos os seus servos que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos, porque doutra forma não poderemos escapar diante de Absalão. Apressai-vos a sair; não seja caso que ele nos apanhe de súbito, e lance sobre nós a ruína, e fira a cidade ao fio da espada. |
15 | 15 | Então os servos do rei lhe disseram: Eis aqui os teus servos para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor. |
15 | 16 | Assim saiu o rei, com todos os de sua casa, deixando, porém, dez concubinas para guardarem a casa. |
15 | 17 | Tendo, pois, saído o rei com todo o povo, pararam na última casa: |
15 | 18 | E todos os seus servos iam ao seu lado; mas todos os quereteus, e todos os peleteus, e todos os giteus, seiscentos homens que o seguiram de Gate, caminhavam adiante do rei. |
15 | 19 | Disse o rei a Itai, o giteu: Por que irias tu também conosco? Volta e fica-te com o rei, porque és estrangeiro e exilado; torna a teu lugar. |
15 | 20 | Ontem vieste, e te levaria eu hoje conosco a vaguear? Pois eu vou para onde puder ir; volta, e lei, e contigo teus irmãos; a misericórdia e a fidelidade sejam contigo. |
15 | 21 | Respondeu, porém, Itai ao rei, e disse: Vive o Senhor, e vive o rei meu senhor, que no lugar em que estiver o rei meu senhor, seja para morte, seja para vida, aí estará também o eu servo. |
15 | 22 | Então disse Davi a Itai: Vai, pois, e passa adiante. Assim passou Itai, o giteu, e todos os seus homens, e todos os pequeninos que havia com ele. |
15 | 23 | Toda a terra chorava em alta voz, enquanto todo o povo passava; e o rei atravessou o ribeiro de Cedrom, e todo o povo caminhava na direção do deserto. |
15 | 24 | E chegou Abiatar; e veio também Zadoque, e com ele todos os levitas que levavam a arca do pacto de Deus; e puseram ali a arca de Deus, até que todo o povo acabou de sair da cidade. |
15 | 25 | Então disse o rei a Zadoque: Torna a levar a arca de Deus à cidade; pois, se eu achar graça aos olhos do Senhor, ele me fará voltar para lá, e me deixará ver a arca e a sua habitação. |
15 | 26 | Se ele, porém, disser: Não tenho prazer em ti; eis-me aqui, faça a mim o que bem lhe parecer. |
15 | 27 | Disse mais o rei a Zadoque, o sacerdote: Não és tu porventura vidente? volta, pois, para a cidade em paz, e contigo também teus dois filhos, Aimaaz, teu filho, e Jônatas, filho de Abiatar. |
15 | 28 | Vede eu me demorarei nos vaus do deserto até que tenha notícias da vossa parte. |
15 | 29 | Zadoque, pois, e Abiatar tornaram a levar para Jerusalém a arca de Deus, e ficaram ali. |
15 | 30 | Mas Davi, subindo pela encosta do monte das Oliveiras, ia chorando; tinha a cabeça coberta, e caminhava com os pés descalços. Também todo o povo que ia com ele tinha a cabeça coberta, e subia chorando sem cessar. |
15 | 31 | Então disseram a Davi: Aitofel está entre os que conspiraram com Absalão. Pelo que disse Davi: ç Senhor, torna o conselho de Aitofel em loucura! |
15 | 32 | Ora, aconteceu que, chegando Davi ao cume, onde se costumava adorar a Deus, Husai, o arquita, veio encontrar-se com ele, com a roupa rasgada e a cabeça coberta de terra. |
15 | 33 | Disse-lhe Davi: Se fores comigo, ser-me-ás pesado; |
15 | 34 | porém se voltares para a cidade, e disseres a Absalão: Eu serei, ó rei, teu servo; como fui dantes servo de teu pai, assim agora serei teu servo; dissipar-me-ás então a conselho de Aitofel. |
15 | 35 | E não estão ali contigo Zadoque e Abiatar, sacerdotes? Portanto, tudo o que ouvires da casa do rei lhes dirás. |
15 | 36 | Eis que estão também ali com eles seus dois filhos, Aimaaz, filho de Zadoque, e Jônatas, filho de Abiatar; por eles me avisareis de tudo o que ouvirdes. |
15 | 37 | Husai, pois, amigo de Davi, voltou para a cidade. E Absalão entrou em Jerusalém. |
16 | 1 | Tendo Davi passado um pouco além do cume, eis que Ziba, o moço de Mefibosete, veio encontrar-se com ele, com um par de jumentos albardados, e sobre eles duzentos pães, cem cachos de passas, e cem de frutas de verão e um odre de vinho. |
16 | 2 | Perguntou, pois, o rei a Ziba: Que pretendes com isso? Respondeu Ziba: Os jumentos são para a casa do rei, para se montarem neles; e o pão e as frutas de verão para os moços comerem; e o vinho para os cansados no deserto beberem. |
16 | 3 | Perguntou ainda o rei: E onde está o filho de teu senhor? Respondeu Ziba ao rei: Eis que permanece em Jerusalém, pois disse: Hoje a casa de Israel me restituirá o reino de meu pai. |
16 | 4 | Então disse o rei a Ziba: Eis que tudo quanto pertencia a Mefibosete é teu. Ao que Ziba, inclinando-se, disse: Que eu ache graça aos teus olhos, ó rei meu senhor. |
16 | 5 | Tendo o rei Davi chegado a Baurim, veio saindo dali um homem da linhagem da casa de Saul, cujo nome era Simei, filho de Gêra; e, adiantando-se, proferia maldições. |
16 | 6 | Também atirava pedras contra Davi e todos os seus servos, ainda que todo o povo e todos os valorosos iam à direita e à esquerda do rei. |
16 | 7 | E, amaldiçoando-o Simei, assim dizia: Sai, sai, homem sanguinário, homem de Belial! |
16 | 8 | O Senhor te deu agora a paga de todo o sangue da casa de Saul, em cujo lugar tens reinado; já entregou o Senhor o reino na mão de Absalão, teu filho; e eis-te agora na desgraça, pois és um homem sanguinário. |
16 | 9 | Então Abisai, filho de Zeruia, disse ao rei: Por que esse cão morto amaldiçoaria ao rei meu senhor? Deixa-me passar e tirar-lhe a cabeça. |
16 | 10 | Disse, porém, o rei: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Por ele amaldiçoar e por lhe ter dito o Senhor: Amaldiçoa a Davi; quem dirá: Por que assim fizeste? |
16 | 11 | Disse mais Davi a Abisai, e a todos os seus servos: Eis que meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura tirar-me a vida; quanto mais ainda esse benjamita? Deixai-o; deixai que amaldiçõe, porque o Senhor lho ordenou. |
16 | 12 | Porventura o Senhor olhará para a minha aflição, e me pagará com bem a maldição deste dia. |
16 | 13 | Prosseguiam, pois, o seu caminho, Davi e os seus homens, enquanto Simei ia pela encosta do monte, defronte dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras contra ele, e levantava poeira. |
16 | 14 | E o rei e todo o povo que ia com ele chegaram cansados ao Jordão; e ali descansaram. |
16 | 15 | Absalão e todo o povo, os homens de Israel, vieram a Jerusalém; e Aitofel estava com ele. |
16 | 16 | E chegando Husai, o arquita, amigo de Davi, a Absalão, disse-lhe: Viva o rei, viva o rei! |
16 | 17 | Absalão, porém, perguntou a Husai: E esta a tua benevolência para com o teu amigo? Por que não foste com o teu amigo? |
16 | 18 | Respondeu-lhe Husai: Não; pois aquele a quem o Senhor, e este povo, e todos os homens de Israel têm escolhido, dele serei e com ele ficarei. |
16 | 19 | E, demais disto, a quem serviria eu? Porventura não seria a seu filho? como servi a teu pai, assim servirei a ti. |
16 | 20 | Então disse Absalão a Aitofel: Dai o vosso conselho sobre o que devemos fazer. |
16 | 21 | Respondeu Aitofel a Absalão: Entra às concubinas de teu pai, que ele deixou para guardarem a casa; e assim todo o Israel ouvirá que te fizeste aborrecível para com teu pai, e se fortalecerão as mãos de todos os que estão contigo. |
16 | 22 | Estenderam, pois, para Absalão uma tenda no terraço; e entrou Absalão às concubinas de seu pai, à vista de todo o Israel. |
16 | 23 | E o conselho que Aitofel dava naqueles dias era como se o oráculo de Deus se consultara; tal era todo o conselho de Aitofel, tanto para com Davi como para Absalão. |
17 | 1 | Disse mais Aitofel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil homens, e me levantarei, e perseguirei a Davi esta noite. |
17 | 2 | Irei sobre ele, enquanto está cansado, e fraco de mãos, e o espantarei: então fugirá todo o povo que está com ele. Ferirei tão-somente o rei; |
17 | 3 | e farei tornar a ti todo o povo, como uma noiva à casa do seu esposo; pois é a vida dum só homem que tu buscas; assim todo o povo estará em paz. |
17 | 4 | E este conselho agradou a Absalão, e a todos os anciãos de Israel. |
17 | 5 | Disse, porém, Absalão: Chamai agora a Husai, o arquita, e ouçamos também o que ele diz. |
17 | 6 | Quando Husai chegou a Absalão, este lhe disse: Desta maneira falou Aitofel; faremos conforme a sua palavra? Se não, fala tu. |
17 | 7 | Então disse Husai a Absalão: O conselho que Aitofel deu esta vez não é bom. |
17 | 8 | Acrescentou Husai: Tu bem sabes que teu pai e os seus homens são valentes, e que estão com o espírito amargurado, como a ursa no campo, roubada dos seus cachorros; além disso teu pai é homem de guerra, e não passará a noite com o povo. |
17 | 9 | Eis que agora está ele escondido nalguma cova, ou em qualquer outro lugar; e será que, caindo alguns no primeiro ataque, todo o que o ouvir dirá: Houve morticínio entre o povo que segue a Absalão. |
17 | 10 | Então até o homem valente, cujo coração é como coração de leão, sem dúvida desmaiará; porque todo o Israel sabe que teu pai é valoroso, e que são valentes os que estão com ele. |
17 | 11 | Eu, porém, aconselho que com toda a pressa se ajunte a ti todo o Israel, desde Dã até Berseba, em multidão como a areia do mar; e que tu em pessoa vás à peleja. |
17 | 12 | Então iremos a ele, em qualquer lugar em que se achar, e desceremos sobre ele, como o orvalho cai sobre a terra; e nao ficará dele e de todos os homens que estão com ele nem sequer um só. |
17 | 13 | se ele, porém, se retirar para alguma cidade, todo o Israel trará cordas àquela cidade, e arrastá-la-emos até o ribeiro, até que não se ache ali nem uma só pedrinha |
17 | 14 | Então Absalão e todos os homens e Israel disseram: Melhor é o conselho de Husai, o arquita, do que o conselho de Aitofel: Porque assim o Senhor o ordenara, para aniquilar o bom conselho de Aitofel, a fim de trazer o mal sobre Absalão. |
17 | 15 | Também disse Husai a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Assim e assim aconselhou Aitofel a Absalão e aos anciãos de Israel; porém eu aconselhei assim e assim. |
17 | 16 | Agora, pois, mandai apressadamente avisar a Davi, dizendo: Não passes esta noite nos vaus do deserto; mas passa sem falta à outra banda, para que não seja devorado o rei, e todo o povo que com ele está. |
17 | 17 | Ora, Jônatas e Aimaaz estavam esperando junto a En-Rogel; e foi uma criada, e lhes avisou, para que eles fossem e o dissessem ao rei Davi; pois não deviam ser vistos entrando na cidade. |
17 | 18 | Viu-os todavia um moço, e avisou a Absalão. Ambos, porém, partiram apressadamente, e entraram em casa de um homem, em Baurim, o qual tinha no pátio de sua casa um poço, para o qual eles desceram. |
17 | 19 | E a mulher, tomando a tampa, colocou-a sobre a boca do poço, e espalhou grão triturado sobre ela; assim nada se soube. |
17 | 20 | Chegando, pois, os servos de Absalão àquela casa, perguntaram à mulher: Onde estão Aimaaz e Jônatas? Respondeu-lhes a mulher: Já passaram a corrente das águas. E, havendo-os procurado sem os encontrarem, voltaram para Jerusalém. |
17 | 21 | Depois que eles partiram, Aimaaz e Jônatas, saindo do poço, foram e avisaram a Davi; e disseram-lhe: Levantai-vos, e passai depressa as águas, porque assim e assim aconselhou contra vós Aitofel. |
17 | 22 | Então se levantou Davi e todo o povo que com ele estava, e passaram o Jordão; e ao raiar da manhã não faltava nem um só que não o tivesse passado. |
17 | 23 | Vendo, pois, Aitofel que não se havia seguido o seu conselho, albardou o jumento e, partindo, foi para casa, para a sua cidade; e, tendo posto em ordem a sua casa, se enforcou e morreu; e foi sepultado na sepultura de seu pai. |
17 | 24 | Então Davi veio a Maanaim; e Absalão passou o Jordão, ele e todos os homens de Israel com ele. |
17 | 25 | E Absalão colocou Amasa em lugar de Joabe sobre o exército. Ora, Amasa era filho de um homem que se chamava Itra, o jizreelita, o qual entrara a Abigail, filha de Naás e irmã de Zeruia, mãe de Joabe. |
17 | 26 | Israel e Absalão se acamparam na terra de Gileade. |
17 | 27 | Tendo Davi chegado a Maanaim, Sobi, filho de Naás, de Rabá dos filhos de Amom, e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim, |
17 | 28 | tomaram camas, bacias e vasilhas de barro; trigo, cevada, farinha, grão tostado, favas, lentilhas e torradas; |
17 | 29 | mel, manteiga, ovelhas e queijos de vaca, e os trouxeram a Davi e ao povo que com ele estava, para comerem; pois diziam: O povo está faminto, cansado e sedento, no deserto. |
18 | 1 | Então Davi contou o povo que tinha consigo, e pôs sobre ele chefes de mil e chefes de cem. |
18 | 2 | E Davi enviou o exército, um terço sob o mando de Joabe, outro terço sob o mando de Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, e outro terço sob o mando de Itai, o giteu. E disse o rei ao povo: Eu também sairei convosco. |
18 | 3 | Mas o povo respondeu: Não sairás; porque se fugirmos, eles não se importarão conosco; nem se importarão conosco ainda que morra metade de nós; porque tu vales por dez mil tais como nós. Melhor será que da cidade nos mandes socorro. |
18 | 4 | Respondeu-lhes o rei: Farei o que vos parecer bem. E o rei se pôs ao lado da porta, e todo o povo saiu em centenas e em milhares. |
18 | 5 | E o rei deu ordem a Joabe, a Abisai e a Itai, dizendo: Tratai brandamente, por amor de mim, o mancebo Absalão. E todo o povo ouviu quando o rei deu ordem a todos os chefes acerca de Absalão. |
18 | 6 | Assim saiu o povo a campo contra Israel; e deu-se a batalha no bosque de Efraim. |
18 | 7 | Ali o povo de Israel foi derrotado pelos servos de Davi; e naquele dia houve ali grande morticínio, de vinte mil homens. |
18 | 8 | Pois a batalha se estendeu sobre a face de toda aquela terra, e o bosque consumiu mais gente naquele dia do que a espada. |
18 | 9 | Por acaso Absalão se encontrou com os servos de Davi; e Absalão ia montado num mulo e, entrando o mulo debaixo dos espessos ramos de um grande carvalho, pegou-se a cabeça de Absalão no carvalho, e ele ficou pendurado entre o céu e a terra; e o mulo que estava debaixo dele passou adiante. |
18 | 10 | um homem, vendo isso, contou-o a Joabe, dizendo: Eis que vi Absalão pendurado dum carvalho. |
18 | 11 | Então disse Joabe ao homem que lho contara: Pois que o viste, por que não o derrubaste logo por terra? E eu te haveria dado dez siclos de prata e um cinto. |
18 | 12 | Respondeu, porém, o homem a Joabe: Ainda que eu pudesse pesar nas minhas mãos mil siclos de prata, não estenderia a mão contra o filho do rei; pois bem ouvimos que o rei deu ordem a ti, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Guardai-vos, cada um, de tocar no mancebo Absalão. |
18 | 13 | E se eu tivesse procedido falsamente contra a sua vida, coisa nenhuma se esconderia ao rei, e tu mesmo te oporias a mim: |
18 | 14 | Então disse Joabe: Não posso demorar-me assim contigo aqui. E tomou na mão três dardos, e traspassou com eles o coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho. |
18 | 15 | E o cercaram dez mancebos, que levavam as armas de Joabe; e feriram a Absalão, e o mataram. |
18 | 16 | Então tocou Joabe a buzina, e o povo voltou de perseguir a Israel; porque Joabe deteve o povo. |
18 | 17 | E tomaram a Absalão e, lançando-o numa grande cova no bosque, levantaram sobre ele mui grande montão de pedras. E todo o Israel fugiu, cada um para a sua tenda. |
18 | 18 | Ora, Absalão, quando ainda vivia, tinha feito levantar para si a coluna que está no vale do rei; pois dizia: Nenhum filho tenho para conservar a memoria o meu nome. E deu o seu próprio nome àquela coluna, a qual até o dia de hoje se chama o Pilar de Absalão. |
18 | 19 | Então disse Aimaaz, filho de Zadoque: Deixa-me correr, e anunciarei ao rei que o Senhor o vingou a mão e seus inimigos. |
18 | 20 | Mas Joabe lhe disse: Tu não serás hoje o portador das novas; outro dia as levarás, mas hoje não darás a nova, porque é morto o filho do rei. |
18 | 21 | Disse, porém, Joabe ao cuchita: Vai tu, e dize ao rei o que viste. O cuchita se inclinou diante de Joabe, e saiu correndo. |
18 | 22 | Então prosseguiu Aimaaz, filho de Zadoque, e disse a Joabe: Seja o que for, deixa-me também correr após o cuchita. Respondeu Joabe: Para que agora correrias tu, meu filho, pois não receberias recompensa pelas novas? |
18 | 23 | seja o que for, disse Aimaaz, correrei. Disse-lhe, pois, Joabe: Corre. Então Aimaaz correu pelo caminho da planície, e passou adiante do cuchita. |
18 | 24 | Ora, Davi estava sentado entre as duas portas; e a sentinela subiu ao terraçorém, percebeu que seus servos cochichavam entre si, um homem que corria só. |
18 | 25 | Gritou, pois, a sentinela, e o disse ao rei. Respondeu o rei: Se vem só, é portador de novas. Vinha, pois, o mensageiro aproximando-se cada vez mais. |
18 | 26 | Então a sentinela viu outro homem que corria, e gritou ao porteiro, e disse: Eis que lá vem outro homem correndo só. Então disse o rei: Também esse traz novas. |
18 | 27 | Disse mais a sentinela: O correr do primeiro parece ser o correr de Aimaaz, filho de Zadoque. Então disse o rei: Este é homem de bem, e virá com boas novas. |
18 | 28 | Gritou, pois, Aimaaz, e disse ao rei: Paz! E inclinou-se ao rei com o rosto em terra, e disse: Bendito seja o Senhor teu Deus, que entregou os homens que levantaram a mão contra o rei meu senhor. |
18 | 29 | Então perguntou o rei: Vai bem o mancebo Absalão? Respondeu Aimaaz: Quando Joabe me mandou a mim, o servo do rei, vi um grande alvoroço; porem nao sei o que era. |
18 | 30 | Disse-lhe o rei: Põe-te aqui ao lado. E ele se pôs ao lado, e esperou de pé. |
18 | 31 | Nisso chegou o cuchita, e disse: Novas para o rei meu senhor. Pois que hoje o Senhor te vingou da mão de todos os que se levantaram contra ti. |
18 | 32 | Então perguntou o rei ao cuchita: Vai bem o mancebo Absalão? Respondeu o cuchita: Sejam como aquele mancebo os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para te fazerem mal. |
18 | 33 | Pelo que o rei ficou muito comovido e, subindo à sala que estava por cima da porta, pôs-se a chorar; e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho! |
19 | 1 | Disseram a Joabe: Eis que o rei está chorando e se lamentando por Absalão. |
19 | 2 | Então a vitória se tornou naquele dia em tristeza para todo o povo, porque nesse dia o povo ouviu dizer: O rei está muito triste por causa de seu filho. |
19 | 3 | E nesse dia o povo entrou furtivamente na cidade, como o faz quando, envergonhado, foge da peleja. |
19 | 4 | Estava, pois, o rei com o rosto coberto, e clamava em alta voz: Meu filho Absalão, Absalão meu filho, meu filho! |
19 | 5 | Então entrou Joabe na casa onde estava o rei, e disse: Hoje envergonhaste todos os teus servos, que livraram neste dia a tua vida, a vida de teus filhos e filhas, e a vida de tuas mulheres e concubinas, |
19 | 6 | amando aos que te odeiam, e odiando aos que te amam. Porque hoje dás a entender que nada valem para ti nem chefes nem servos; pois agora entendo que se Absalão vivesse, e todos nós hoje fôssemos mortos, ficarias bem contente. |
19 | 7 | Levanta-te, pois, agora; sai e fala ao coração de teus servos. Porque pelo Senhor te juro que, se não saíres, nem um só homem ficará contigo esta noite; e isso te será pior do que todo o mal que tem vindo sobre ti desde a tua mocidade até agora. |
19 | 8 | Pelo que o rei se levantou, e se sentou à porta; e avisaram a todo o povo, dizendo: Eis que o rei está sentado à porta. Então todo o povo veio apresentar-se diante do rei. Ora, Israel havia fugido, cada um para a sua tenda. |
19 | 9 | Entrementes todo o povo, em todas as tribos de Israel, andava altercando entre si, dizendo: O rei nos tirou das mãos de nossos inimigos, e nos livrou das mãos dos filisteus; e agora fugiu da terra por causa de Absalão. |
19 | 10 | Também Absalão, a quem ungimos sobre nós, morreu na peleja. Agora, pois, porque vos calais, e não fazeis voltar o rei? |
19 | 11 | Então o rei Davi mandou dizer a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Falai aos anciãos de Judá, dizendo: Por que seríeis vós os últimos em tornar a trazer o rei para sua casa? Porque a palavra de todo o Israel tem chegado ao rei, até a sua casa. |
19 | 12 | Vós sois meus irmãos; meus ossos e minha carne sois vós; por que, pois, seríeis os últimos em tornar a trazer o rei? |
19 | 13 | Dizei a Amasa: Porventura não és tu meu osso e minha carne? Assim me faça Deus e outro tanto, se não fores chefe do exercito diante e mim para sempre, em lugar de Joabe. |
19 | 14 | Assim moveu ele o coração de todos os homens de Judá, como se fosse o de um só homem; e enviaram ao rei, dizendo: Volta, com todos os teus servos. |
19 | 15 | Então o rei voltou, e chegou até o Jordão; e Judá veio a Gilgal, para encontrar-se com o rei, a fim de fazê-lo passar o Jordão. |
19 | 16 | Ora, apressou-se Simei, filho de Gêra, benjamita, que era de Baurim, e desceu com os homens de Judá a encontrar-se com o rei Davi; |
19 | 17 | e com ele mil homens de Benjamim, como também Ziba, servo da casa de Saul, e seus quinze filhos, e seus vinte servos com ele; desceram apressadamente ao Jordão adiante do rei, |
19 | 18 | atravessando o vau para trazer a casa do rei e para fazer o que aprouvesse a ele. Quando o rei ia passar o Jordão, Simei, filho de Gêra, se prostrou diante dele, |
19 | 19 | e lhe disse: Não me impute meu senhor à minha culpa, e não te lembres do que tão perversamente fez teu servo, no dia em que o rei meu senhor saiu de Jerusalém; não conserve o rei isso no coração. |
19 | 20 | Porque eu, teu servo, deveras confesso que pequei; por isso eis que eu sou o primeiro, de toda a casa de José, a descer ao encontro do rei meu senhor. |
19 | 21 | Respondeu Abisai, filho de Zeruia, dizendo: Não há de ser morto Simei por haver amaldiçoado ao ungido do Senhor? |
19 | 22 | Mas Davi disse: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia, para que hoje me sejais adversários? Será morto alguém hoje em Israel? pois não sei eu que hoje sou rei sobre Israel? |
19 | 23 | Então disse o rei a Simei: Não morrerás. E o rei lho jurou. |
19 | 24 | Também Mefibosete, filho de Saul, desceu a encontrar-se com o rei, e não cuidara dos pés, nem fizera a barba, nem lavara as suas vestes desde o dia em que o rei saíra até o dia em que voltou em paz. |
19 | 25 | E sucedeu que, vindo ele a Jerusalém a encontrar-se com o rei, este lhe perguntou: Por que não foste comigo, Mefibosete? |
19 | 26 | Respondeu ele: O rei meu senhor, o meu servo me enganou. Porque o teu servo dizia: Albardarei um jumento, para nele montar e ir com o rei; pois o teu servo é coxo. |
19 | 27 | E ele acusou falsamente o teu servo diante do rei meu senhor; porém o rei meu senhor é como um anjo de Deus; faze, pois, o que bem te parecer. |
19 | 28 | Pois toda a casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa. E que direito mais tenho eu de clamar ainda ao rei. |
19 | 29 | Ao que lhe respondeu o rei: Por que falas ainda de teus negócios? Já decidi: Tu e Ziba reparti as terras. |
19 | 30 | Então disse Mefibosete ao rei: Deixe que ele tome tudo, uma vez que o rei meu senhor já voltou em paz à sua casa. |
19 | 31 | Também Barzilai, o gileadita, desceu de Rogelim, e passou com o rei o Jordão, para acompanhá-lo até a outra banda do rio. |
19 | 32 | E era Barzilai mui velho, da idade de oitenta anos; e ele tinha provido o rei de víveres enquanto este se demorara em Maanaim, pois era homem muito rico. |
19 | 33 | Disse, pois, o rei a Barzilai: Passa tu comigo e eu te sustentarei em Jerusalém, em minha companhia. |
19 | 34 | Barzilai, porém, respondeu ao rei: Quantos anos viverei ainda, para que suba com o rei a Jerusalém. |
19 | 35 | Oitenta anos tenho hoje; poderei eu discernir entre e bom e o mau? poderá o teu servo perceber sabor no que comer e beber? poderei eu mais ouvir a voz dos cantores e das cantoras? e por que será o teu servo ainda pesado ao rei meu senhor? |
19 | 36 | O teu servo passará com o rei até um pouco além do Jordão. Por que me daria o rei tal recompensa? |
19 | 37 | Deixa voltar o teu servo, para que eu morra na minha cidade, junto à sepultura de meu pai e de minha mãe. Mas eis aí o teu servo Quimã; passe ele com o rei meu senhor, e faze-lhe o que for do teu agrado. |
19 | 38 | Ao que disse o rei: Quimã passará comigo, e eu lhe farei o que te parecer bem, e tudo quanto me pedires te farei. |
19 | 39 | Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão, e tendo passado também o rei, beijou o rei a Barzilai, e o abençoou; e este voltou para o seu lugar. |
19 | 40 | Dali passou o rei a Gilgal, e Quimã com ele; e todo o povo de Judá, juntamente com a metade do povo de Israel, conduziu o rei. |
19 | 41 | Então todos os homens de Israel vieram ter com o rei, e lhe disseram: Por que te furtaram nossos irmãos, os homens de Judá, e fizeram passar o Jordão o rei e a sua casa, e todos os seus homens com ele? |
19 | 42 | Responderam todos os homens de Judá aos homens de Israel: Porquanto o rei é nosso parente: Por que vos irais por isso. Acaso temos comido à custa do rei, ou nos deu ele algum presente? |
19 | 43 | Ao que os homens de Israel responderam aos homens de Judá: Dez partes temos no rei; mais temos nós em Davi do que vós. Por que, pois, fizestes pouca conta de nós. Não foi a nossa palavra a primeira, para tornar a trazer o nosso rei? Porém a palavra dos homens de Judá foi mais forte do que a palavra dos homens de Israel. |
20 | 1 | Ora, sucedeu achar-se ali um homem de Belial, cujo nome era Sebá, filho de Bicri, homem de Benjamim, o qual tocou a buzina, e disse: Não temos parte em Davi, nem herança no filho de Jessé; cada um à sua tenda, ó Israel! |
20 | 2 | Então todos os homens de Israel se separaram de Davi, e seguiram a Sebá, filho de Bicri; porém os homens de Judá seguiram ao seu rei desde o Jordão até Jerusalém. |
20 | 3 | Quando Davi chegou à sua casa em Jerusalém, tomou as dez concubinas que deixara para guardarem a casa, e as pôs numa casa, sob guarda, e as sustentava; porém não entrou a elas. Assim estiveram encerradas até o dia da sua morte, vivendo como viúvas. |
20 | 4 | Disse então o rei a Amasa: Convoca-me dentro de três dias os homens de Judá, e apresenta-te aqui. |
20 | 5 | Foi, pois, Amasa para convocar a Judá, porém demorou-se além do tempo que o rei lhe designara. |
20 | 6 | Então disse Davi a Abisai: Mais mal agora nos fará Sebá, filho de Bicri, do que Absalão; toma, pois, tu os servos de teu senhor, e persegue-o, para que ele porventura não ache para si cidades fortificadas, e nos escape à nossa vista. |
20 | 7 | Então saíram atrás dele os homens de Joabe, e os quereteus, e os peleteus, e todos os valentes; saíram de Jerusalém para perseguirem a Sebá, filho de Bicri. |
20 | 8 | Quando chegaram à pedra grande que está junto a Gibeão, Amasa lhes veio ao encontro. Estava Joabe cingido do seu traje de guerra que vestira, e sobre ele um cinto com a espada presa aos seus lombos, na sua bainha; e, adiantando-se ele, a espada caiu da bainha. |
20 | 9 | E disse Joabe a Amasa: Vais bem, meu irmão? E Joabe, com a mão direita, pegou da barba de Amasa, para o beijar. |
20 | 10 | Amasa, porém, não reparou na espada que está na mão de Joabe; de sorte que este o feriu com ela no ventre, derramando-lhe por terra as entranhas, sem feri-lo segunda vez; e ele morreu. Então Joabe e Abisai, seu irmão, perseguiram a Sebá, filho de Bicri. |
20 | 11 | Mas um homem dentre os servos de Joabe ficou junto a Amasa, e dizia: Quem favorece a Joabe, e quem é por Davi, siga a Joabe. |
20 | 12 | E Amasa se revolvia no seu sangue no meio do caminho. E aquele homem, vendo que todo o povo parava, removeu Amasa do caminho para o campo, e lançou sobre ele um manto, porque viu que todo aquele que chegava ao pé dele parava. |
20 | 13 | Mas removido Amasa do caminho, todos os homens seguiram a Joabe, para perseguirem a Sebá, filho de Bicri. |
20 | 14 | Então Sebá passou por todas as tribos de Israel até Abel e Bete-Maacá; e todos os beritas, ajuntando-se, também o seguiram. |
20 | 15 | Vieram, pois, e cercaram a Sebá em Abel de Bete-Maacá; e levantaram contra a cidade um montão, que se elevou defronte do muro; e todo o povo que estava com Joabe batia o muro para derrubá-lo. |
20 | 16 | Então uma mulher sábia gritou de dentro da cidade: Ouvi! ouvi! Dizei a Joabe: Chega-te cá, para que eu te fale. |
20 | 17 | Ele, pois, se chegou perto dela; e a mulher perguntou: Tu és Joabe? Respondeu ele: Sou. Ela lhe disse: Ouve as palavras de tua serva. Disse ele: Estou ouvindo. |
20 | 18 | Então falou ela, dizendo: Antigamente costumava-se dizer: Que se peça conselho em Abel; e era assim que se punha termo às questões. |
20 | 19 | Eu sou uma das pacíficas e das fiéis em Israel; e tu procuras destruir uma cidade que é mãe em Israel; por que, pois, devorarias a herança do Senhor? |
20 | 20 | Então respondeu Joabe, e disse: Longe, longe de mim que eu tal faça, que eu devore ou arruíne! |
20 | 21 | A coisa não é assim; porém um só homem da região montanhosa de Efraim, cujo nome é Sebá, filho de Bicri, levantou a mão contra o rei, contra Davi; entregai-me só este, e retirar-me-ei da cidade. E disse a mulher a Joabe: Eis que te será lançada a sua cabeça pelo muro. |
20 | 22 | A mulher, na sua sabedoria, foi ter com todo o povo; e cortaram a cabeça de Sebá, filho de Bicri, e a lançaram a Joabe. Este, pois, tocou a buzina, e eles se retiraram da cidade, cada um para sua tenda. E Joabe voltou a Jerusalém, ao rei. |
20 | 23 | Ora, Joabe estava sobre todo o exército de Israel; e Benaías, filho de Jeoiada, sobre os quereteus e os peleteus; |
20 | 24 | e Adorão sobre a gente de trabalhos forçados; Jeosafá, filho de Ailude, era cronista; |
20 | 25 | Seva era escrivão; Zadoque e Abiatar, sacerdotes; |
20 | 26 | e Ira, o jairita, era o oficial-mor de Davi. |
21 | 1 | Nos dias de Davi houve uma fome de três anos consecutivos; pelo que Davi consultou ao Senhor; e o Senhor lhe disse: E por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os gibeonitas. |
21 | 2 | Então o rei chamou os gibeonitas e falou com eles (ora, os gibeonitas não eram dos filhos de Israel, mas do restante dos amorreus; e os filhos de Israel tinham feito pacto com eles; porém Saul, no seu zelo pelos filhos de Israel e de Judá, procurou feri-los); |
21 | 3 | perguntou, pois, Davi aos gibeonitas: Que quereis que eu vos faça. e como hei de fazer expiação, para que abençoeis a herança do Senhor? |
21 | 4 | Então os gibeonitas lhe disseram: Não é por prata nem ouro que temos questão com Saul e com a sua casa; nem tampouco cabe a nós matar pessoa alguma em Israel. Disse-lhes Davi: Que quereis que vos faça? |
21 | 5 | Responderam ao rei: Quanto ao homem que nos consumia, e procurava destruir-nos, de modo que não pudéssemos subsistir em termo algum de Israel, |
21 | 6 | de seus filhos se nos dêem sete homens, para que os enforquemos ao Senhor em Gibeá de Saul, o eleito do Senhor. E o rei disse: Eu os darei. |
21 | 7 | O rei, porém, poupou a Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento do Senhor que entre eles houvera, isto é, entre Davi e Jônatas, filho de Saul. |
21 | 8 | Mas o rei tomou os dois filhos de Rizpa, filha de Aías, que ela tivera de Saul, a saber, a Armoni e a Mefibosete, como também os cinco filhos de Merabe, filha de Saul, que ela tivera de Adriel, filho de Barzilai, meolatita, |
21 | 9 | e os entregou na mão dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte, perante o Senhor; e os sete caíram todos juntos. Foi nos primeiros dias da sega que foram mortos, no princípio a sega da cevada. |
21 | 10 | Então Rizpa, filha de Aías, tomando um pano de cilício, estendeu-o para si sobre uma pedra e, desde o princípio da sega até que a água caiu do céu sobre os corpos, não deixou que se aproximassem deles as aves do céu de dia, nem os animais do campo de noite: |
21 | 11 | Quando foi anunciado a Davi o que fizera Rizpa, filha de Aías, concubina de Saul, |
21 | 12 | ele foi e tomou os ossos de Saul e os de Jônatas seu filho, aos homens de Jabes-Gileade, que os haviam furtado da praça de Bete-Sã, onde os filisteus os tinham pendurado quando mataram a Saul em Gilboa; |
21 | 13 | e trouxe dali os ossos de Saul e os de Jônatas seu filho; e ajuntaram a eles também os ossos dos enforcados. |
21 | 14 | Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas seu filho, na terra de Benjamim, em Zela, na sepultura de Quis, seu pai; e fizeram tudo o que o rei ordenara. Depois disto Deus se aplacou para com a terra. |
21 | 15 | De novo tiveram os filisteus uma guerra contra Israel. E desceu Davi, e com ele os seus servos; e tanto pelejara contra os filisteus, que Davi se cansou. |
21 | 16 | E Isbi-Benobe, que era dos filhos do gigante, cuja lança tinha o peso de trezentos, siclos de bronze, e que cingia uma espada nova, intentou matar Davi. |
21 | 17 | Porém, Abisai, filho de Zeruia, o socorreu; e, ferindo ao filisteu, o matou. Então os homens de Davi lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás conosco à batalha, para que não apagues a lâmpada de Israel. |
21 | 18 | Aconteceu depois disto que houve em Gobe ainda outra peleja contra os filisteus; então Sibecai, o husatita, matou Safe, que era dos filhos do gigante. |
21 | 19 | Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe; e El-Hanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matou Golias, o giteu, de cuja lança a haste era como órgão de tecelão. |
21 | 20 | Houve ainda também outra peleja em Gate, onde estava um homem de alta estatura, que tinha seis dedos em cada mão, e seis em cada pé, vinte e quatro por todos; também este era descendente do gigante. |
21 | 21 | Tendo ele desafiado a Israel, Jônatas, filho de Simei, irmão de Davi, o matou. |
21 | 22 | Estes quatro nasceram ao gigante em Gate; e caíram pela mão de Davi e pela mão de seus servos. |
22 | 1 | Davi dirigiu ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul, dizendo: |
22 | 2 | O Senhor é o meu rochedo, a minha fortaleza e o meu libertador. |
22 | 3 | É meu Deus, a minha rocha, nele confiarei; é o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio. O meu Salvador; da violência tu me livras. |
22 | 4 | Ao Senhor invocarei, pois é digno de louvor; assim serei salvo dos meus inimigos. |
22 | 5 | As ondas da morte me cercaram, as torrentes de Belial me atemorizaram. |
22 | 6 | Cordas do Seol me cingiram, laços de morte me envolveram. |
22 | 7 | Na minha angústia invoquei ao Senhor; sim, a meu Deus clamei; do seu templo ouviu ele a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. |
22 | 8 | Então se abalou e tremeu a terra, os fundamentos dos céus se moveram; abalaram-se porque ele se irou. |
22 | 9 | Das suas narinas subiu fumaça, e da sua boca um fogo devorador, que pôs carvões em chamas. |
22 | 10 | Ele abaixou os céus, e desceu; e havia escuridão debaixo dos seus pés. |
22 | 11 | Montou num querubim, e voou; apareceu sobre as asas do vento. |
22 | 12 | E por tendas pôs trevas ao redor de si, ajuntamento de águas, espessas nuvens do céu. |
22 | 13 | Pelo resplendor da sua presença acenderam-se brasas de fogo. |
22 | 14 | Do céu trovejou o Senhor, o Altíssimo fez soar a sua vóz. |
22 | 15 | Disparou flechas, e os dissipou; raios, e os desbaratou. |
22 | 16 | Então apareceram as profundezas do mar; os fundamentos do mundo se descobriram, pela repreensão do Senhor, pelo assopro do vento das suas narinas. |
22 | 17 | Estendeu do alto a sua mão e tomou-me; tirou-me das muitas águas. |
22 | 18 | Livrou-me do meu possante inimigo, e daqueles que me odiavam; porque eram fortes demais para mim. |
22 | 19 | Encontraram-me no dia da minha calamidade, porém o Senhor se fez o meu esteio. |
22 | 20 | Conduziu-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim. |
22 | 21 | Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça; conforme a pureza e minhas mãos me retribuiu. |
22 | 22 | Porque guardei os caminhos do Senhor, e não me apartei impiamente do meu Deus. |
22 | 23 | Pois todos os seus preceitos estavam diante de mim, e dos seus estatutos não me desviei. |
22 | 24 | Fui perfeito para com ele, e guardei-me da minha iniqüidade. |
22 | 25 | Por isso me retribuiu o Senhor conforme a minha justiça, conforme a minha pureza diante dos meus olhos. |
22 | 26 | Para com o benigno te mostras benigno; para com o perfeito te mostras perfeito, |
22 | 27 | para com o puro te mostras puro, mas para com o perverso te mostras avesso. |
22 | 28 | Livrarás o povo que se humilha, mas teus olhos são contra os altivos, e tu os abaterás. |
22 | 29 | Porque tu, Senhor, és a minha candeia; e o Senhor alumiará as minhas trevas. |
22 | 30 | Pois contigo passarei pelo meio dum esquadrão; com o meu Deus transporei um muro. |
22 | 31 | Quanto a Deus, o seu caminho é perfeito, e a palavra do Senhor é fiel; é ele o escudo de todos os que nele se refugiam. |
22 | 32 | Pois quem é Deus, senão o Senhor? e quem é rocha, senão o nosso Deus? |
22 | 33 | Deus é a minha grande fortaleza; e ele torna perfeito o meu caminho. |
22 | 34 | Faz ele os meus pés como os das gazelas, e me põe sobre as minhas alturas. |
22 | 35 | Ele instrui as minhas mãos para a peleja, de modo que os meus braços podem entesar um arco de bronze. |
22 | 36 | Também me deste o escudo da tua salvação, e tua brandura me engrandece. |
22 | 37 | Alargaste os meus passos debaixo de mim, e não vacilaram os meus artelhos. |
22 | 38 | Persegui os meus inimigos e os destruí, e nunca voltei atrás sem que os consumisse. |
22 | 39 | Eu os consumi, e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram; sim, cairam debaixo dos meus pés. |
22 | 40 | Pois tu me cingiste de força para a peleja; prostraste debaixo de mim os que se levantaram contra mim. |
22 | 41 | Fizeste que me voltassem as costas os meus inimigos, aqueles que me odiavam, para que eu os destruísse. |
22 | 42 | Olharam ao redor, mas não houve quem os salvasse; clamaram ao Senhor, mas ele não lhes respondeu. |
22 | 43 | Então os moí como o pó da terra; como a lama das ruas os trilhei e dissipei. |
22 | 44 | Também me livraste das contendas do meu povo; guardaste-me para ser o cabeça das nações; um povo que eu não conhecia me serviu. |
22 | 45 | Estrangeiros, com adulação, se submeteram a mim; ao ouvirem de mim, me obedeceram. |
22 | 46 | Os estrangeiros desfaleceram e, tremendo, sairam os seus esconderijos. |
22 | 47 | O Senhor vive; bendita seja a minha rocha, e exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação, |
22 | 48 | o Deus que me deu vingança, e sujeitou povos debaixo de mim, |
22 | 49 | e me tirou dentre os meus inimigos; porque tu me exaltaste sobre os meus adversarios; tu me livraste do homem violento. |
22 | 50 | Por isso, ó Senhor, louvar-te-ei entre as nações, e entoarei louvores ao teu nome. |
22 | 51 | Ele dá grande livramento a seu rei, e usa de benignidade para com o seu ungido, para com Davi e a sua descendência para sempre. |
23 | 1 | São estas as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, diz a homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel. |
23 | 2 | O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua. |
23 | 3 | Falou o Deus de Israel, a Rocha de Israel me disse: Quando um justo governa sobre os homens, quando governa no temor de Deus, |
23 | 4 | será como a luz da manhã ao sair do sol, da manhã sem nuvens, quando, depois da chuva, pelo resplendor do sol, a erva brota da terra. |
23 | 5 | Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu comigo um pacto eterno, em tudo bem ordenado e seguro; pois não fará ele prosperar toda a minha salvação e todo o meu desejo? |
23 | 6 | Porém os ímpios todos serão como os espinhos, que se lançam fora, porque não se pode tocar neles; |
23 | 7 | mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar. |
23 | 8 | São estes os nomes dos valentes de Davi: Josebe-Bassebete, o taquemonita; era este principal dos três; foi ele que, com a lança, matou oitocentos de uma vez. |
23 | 9 | Depois dele Eleazar, filho de Dodó, filho de Aoí, um dos três valentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus que se haviam reunido para a peleja, enquanto os homens de Israel se retiravam. |
23 | 10 | Este se levantou, e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; e naquele dia o Senhor operou um grande livramento; e o povo voltou para junto de Eleazar, somente para tomar o despojo. |
23 | 11 | Depois dele era Samá, filho de Agé, o hararita. Os filisteus se haviam ajuntado em Leí, onde havia um terreno cheio de lentilhas; e o povo fugiu de diante dos filisteus. |
23 | 12 | Samá, porém, pondo-se no meio daquele terreno, defendeu-o e matou os filisteus, e o Senhor efetuou um grande livramento. |
23 | 13 | Também três dos trinta cabeças desceram, no tempo da sega, e foram ter com Davi, à caverna de Adulão; e a tropa dos filisteus acampara no vale de Refaim. |
23 | 14 | Davi estava então no lugar forte, e a guarnição dos filisteus estava em Belém. |
23 | 15 | E Davi, com saudade, exclamou: Quem me dera beber da água da cisterna que está junto a porta de Belém! |
23 | 16 | Então aqueles três valentes romperam pelo arraial dos filisteus, tiraram água da cisterna que está junto a porta de Belém, e a trouxeram a Davi; porém ele não quis bebê-la, mas derramou-a perante o Senhor; |
23 | 17 | e disse: Longe de mim, ó Senhor, que eu tal faça! Beberia eu o sangue dos homens que foram com risco das suas vidas? De maneira que não a quis beber. Isto fizeram aqueles três valentes. |
23 | 18 | Ora, Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era chefe dos trinta; e este alçou a sua lança contra trezentos, e os matou, e tinha nome entre os três. |
23 | 19 | Porventura não era este o mais nobre dentre os trinta? portanto se tornou o chefe deles; porém aos primeiros três não chegou. |
23 | 20 | Também Benaías, filho de Jeoiada, filho dum homem de Cabzeel, valoroso e de grandes feitos, matou os dois filhos de Ariel de Moabe; depois desceu, e matou um leão dentro duma cova, no tempo da neve. |
23 | 21 | Matou também um egípcio, homem de temível aspecto; tinha este uma lança na mão, mas Benaías desceu a ele com um cajado, arrancou-lhe da mão a lança, e com ela o matou. |
23 | 22 | Estas coisas fez Benaías, filho de Jeoiada, pelo que teve nome entre os três valentes. |
23 | 23 | Dentre os trinta ele era o mais afamado, porém aos três primeiros não chegou. Mas Davi o pôs sobre os seus guardas. |
23 | 24 | Asael, irmão de Joabe, era um dos trinta; El-Hanã, filho de Dodó, de Belém; |
23 | 25 | Samá, o harodita; Elica, o harodita; |
23 | 26 | Jelez, o paltita; Ira, filho de Iques, o tecoíta; |
23 | 27 | Abiezer, o anatotita; Mebunai, o husatita; |
23 | 28 | Zalmom, o aoíta; Maarai, o netofatita; |
23 | 29 | Helebe, filho de Baaná, o netofatita; Itai, filho de Ribai, de Gibeá dos filhos de Benjamim; |
23 | 30 | Benaías, o piratonita; Hidai, das torrentes de Gaás; |
23 | 31 | Abi-Albom, o arbatita; Azmavete, o barumita; |
23 | 32 | Eliabá, o saalbonita; Bene-Jásen; e Jônatas; |
23 | 33 | Samá, o hararita; Aião, filho de Sarar, o hararita; |
23 | 34 | Elifelete, filho de Acasbai, filho do maacatita; Eliã, filho de Aitofel, o gilonita; |
23 | 35 | Hezrai, o carmelita; Paarai, o arbita; |
23 | 36 | Igal, filho de Natã, de Zobá; Bani, o gadita; |
23 | 37 | Zeleque, o amonita; Naarai, o beerotita, o que trazia as armas de Joabe, filho de Zeruia; |
23 | 38 | Ira, o itrita; Garebe, o itrita; |
23 | 39 | Urias, o heteu; trinta e sete ao todo. |
24 | 1 | A ira do Senhor tornou a acender-se contra Israel, e o Senhor incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, numera a Israel e a Judá. |
24 | 2 | Disse, pois, o rei a Joabe, chefe do exército, que estava com ele: Percorre todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e numera o povo, para que eu saiba o seu número. |
24 | 3 | Então disse Joabe ao rei: Ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu senhor o vejam. Mas por que tem prazer nisto o rei meu senhor; |
24 | 4 | Todavia a palavra do rei prevaleceu contra Joabe, e contra os chefes do exército; Joabe, pois, saiu com os chefes do exército da presença do rei para numerar o povo de Israel. |
24 | 5 | Tendo eles passado o Jordão, acamparam-se em Aroer, à direita da cidade que está no meio do vale de Gade e na direção de Jazer; |
24 | 6 | em seguida foram a Gileade, e a terra de Tatim-Hódsi; dali foram a Da-Jaã, e ao redor até Sidom; |
24 | 7 | depois foram à fortaleza de Tiro, e a todas as cidades dos heveus e dos cananeus; e saíram para a banda do sul de Judá, em Berseba. |
24 | 8 | Assim, tendo percorrido todo o país, voltaram a Jerusalém, ao cabo de nove meses e vinte dias. |
24 | 9 | Joabe, pois, deu ao rei o resultado da numeração do povo. E havia em Israel oitocentos mil homens valorosos, que arrancavam da espada; e os homens de Judá eram quinhentos mil. |
24 | 10 | Mas o coração de Davi o acusou depois de haver ele numerado o povo; e disse Davi ao Senhor: Muito pequei no que fiz; porém agora, ó Senhor, rogo-te que perdoes a iniqüidade do teu servo, porque tenho procedido mui nesciamente. |
24 | 11 | Quando, pois, Davi se levantou pela manhã, veio a palavra do Senhor ao profeta Gade, vidente de Davi, dizendo: |
24 | 12 | Vai, e dize a Davi: Assim diz o Senhor: Três coisas te ofereço; escolhe qual delas queres que eu te faça. |
24 | 13 | Veio, pois, Gade a Davi, e fez-lho saber dizendo-lhe: Queres que te venham sete anos de fome na tua terra; ou que por três meses fujas diante de teus inimigos, enquanto estes te perseguirem; ou que por três dias haja peste na tua terra? Delibera agora, e vê que resposta hei de dar àquele que me enviou. |
24 | 14 | Respondeu Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu. |
24 | 15 | Então enviou o Senhor a peste sobre Israel, desde a manhã até o tempo determinado; e morreram do povo, desde Dã até Berseba, setenta mil homens. |
24 | 16 | Ora, quando o anjo estendeu a mão sobre Jerusalém, para a destruir, o Senhor se arrependeu daquele mal; e disse ao anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta; retira agora a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. |
24 | 17 | E, vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao Senhor, dizendo: Eis que eu pequei, e procedi iniquamente; porém estas ovelhas, que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai. |
24 | 18 | Naquele mesmo dia veio Gade a Davi, e lhe disse: Sobe, levanta ao Senhor um altar na eira de Araúna, o jebuseu: |
24 | 19 | Subiu, pois, Davi, conforme a palavra de Gade, como o Senhor havia ordenado. |
24 | 20 | E olhando Araúna, viu que vinham ter com ele o rei e os seus servos; saiu, pois, e inclinou-se diante do rei com o rosto em terra. |
24 | 21 | Perguntou Araúna: Por que vem o rei meu senhor ao seu servo? Respondeu Davi: Para comprar de ti a eira, a fim de edificar nela um altar ao Senhor, para que a praga cesse de sobre o povo. |
24 | 22 | Então disse Araúna a Davi: Tome e ofereça o rei meu senhor o que bem lhe parecer; eis aí os bois para o holocausto, e os trilhos e os aparelhos dos bois para lenha. |
24 | 23 | Tudo isto, ó rei, Araúna te oferece. Disse mais Araúna ao rei: O Senhor teu Deus tome prazer em ti. |
24 | 24 | Mas o rei disse a Araúna: Não! antes to comprarei pelo seu valor, porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada. Comprou, pois, Davi a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata. |
24 | 25 | E edificou ali um altar ao Senhor, e ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas. Assim o Senhor se tornou propício para com a terra, e cessou aquela praga de sobre Israel. |